Nesta quarta-feira (11/07), o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) entrou para a história como o segundo senador cassado no país. O ex-democrata perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar. A sessão foi acompanhada por 80 parlamentares, 56 parlamentares votaram a favor da punição de Torres, 19 contra e 5 se abstiveram.
O primeiro senador cassado foi Luiz Estevão, em 2000, devido às acusações de desvio de dinheiro das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. O Supremo Tribunal da Justiça (STJ) condenou Estevão a 36 anos de prisão pelo superfaturamento das obras, mas, o empresário segue em liberdade enquanto couber recurso à decisão.
O processo, julgado nesta quarta-feira, é resultado das apurações do Conselho de Ética, que por três meses colheu provas e depoimentos embasados nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, e decidiu por unanimidade pela cassação do senador. A representação contra ele, proposta pelo Psol, foi aceita após os membros da comissão entenderam que Demóstenes usou sua influência e poder para favorecer o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Cachoeira, acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, foi preso na operação Monte Carlo, da PF, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Após ter o mandato cassado, Demóstenes Torres ficará inelegível por oito anos contados a partir do fim do mandato (fevereiro de 2019). Assim, só poderá concorrer a um cargo político a partir das eleições de 2028.
Porém, enquanto Carlinhos Cachoeira está preso e teve seu alvará de soltura revogado ontem (10/07), o senador cassado deve voltar ao cargo de procurador de Justiça de Goiás, do qual se licenciou há 11 anos para se eleger a primeira vez senador da República. No retorno, está na iminência de ser investigado pelo Ministério Público.
Nos últimos dez dias, Demóstenes usou a tribuna esvaziada para discursar jurando inocência e pedindo a seus pares que não o condenasse.
Com informações do jornal O GLOBO e da Agência Reuters.
Foto: Antônio Cruz /ABr