No final dos anos 60, os homossexuais eram duramente criminalizados nos Estados Unidos. Eram proibidas de assumir cargos no serviço público. Não tinham acesso à saúde e à educação pública. Eram considerados doentes e pervertidos. As jovens LGBT’s eram expulsas de suas casas. Sofriam internações, torturas, lobotomias e castração. Eram perseguidas em todos os ambientes e a violência policial as vitimava. A vida social das LGBT’s resistia somente nos bares gays e nos guetos e mesmo ali a polícia as humilhava e extorquia. Não havia paz.
Mas, no dia 28 de junho de 1969, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência. O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites. O episódio ficou conhecido como a Revolta de Stonewall.
A partir desses acontecimentos, as LGBT’s inspiradas nas lutas dos negros, das mulheres e dos trabalhadores organizados contra a Guerra do Vietnã, organizaram-se politicamente. No primeiro aniversário da Revolta, 10 mil LGBT’s realizaram uma marcha. Foi a primeira Parada do Orgulho LGBT. Estes espaços, ao contrário do forte apelo comercial que os organizadores tentam impor, nos dias de hoje, deveriam ser ocupados principalmente para defender as bandeiras do setores oprimidos, onde pudessem expor as condições de violência e exploração a que estão submetidos pelo capitalismo.
Queremos resgatar as lições que a história nos ensina. A realidade das LGBT’s, apesar daquilo que foi conquistado com muita luta, continua muito difícil. No Brasil, a cada 25 horas uma pessoa morre vítima da lgbtfobia, que até hoje não foi criminalizada neste país. As pessoas trans ainda são tratadas como doentes e 95% delas precisa prostituir-se para sobreviver. Não há discussão de gênero nas escolas e há uma enorme evasão escolar entre as LGBT’s. Homossexuais ocupam os trabalhos mais precários, como nos salões de beleza ou nas empresas terceirizadas de telemarketing e, além de sofrerem mais assédio e exploração, convivem o tempo todo com a ameaça do desemprego.
Assim como diziam as LGBTT’s que se revoltaram em Stonewall e puseram a polícia para correr, nós somos aqueles e aquelas que não tem nada a perder. É preciso resgatar as lições de Stonewall e ir às ruas contra violência LGBTfóbica, contra a cura gay, por saúde e educação públicas de qualidade, contra as reformas dos governos e contra Temer e esse Congresso corrupto. Só assim será possível derrubar esse sistema que explora e oprime e criar uma sociedade em que todos e todas possam expressar livremente sua orientação sexual e identidade de gênero.
Fonte: CSP-Conlutas