
Nos dias 4, 5 e 6 de dezembro ocorreu o 29° Congresso do SINDSEF-SP. Foi consenso entre todos, delegados e convidados, o alto nível dos debates, garantido pela presença de representantes dos mais diversos órgãos. Houve uma importante participação de diferentes gerações que refletem a experiência dos que lutaram ao longo das últimas décadas com as preocupações e contribuições dos novos servidores, que certamente são chamados a dar continuidade a este sindicato de luta.
Nosso congresso reafirmou uma característica que já se confunde com nossa história: a nossa total independência e autonomia, frente aos governos (nossos patrões) e à burguesia, que oprime e explora a nossa classe.
Debatemos e muito um tema que nos é bastante caro: o combate às diversas formas de opressão. Foi dado bastante destaque à luta contra o machismo, e sua mais perversa face, a violência e o feminicídio. Também debatemos e reafirmamos nossa posição de luta contra o racismo, a lgbtfobia, a xenofobia, o etarismo e outras formas de opressão que foram, nos últimos anos, sendo alimentadas, normalizadas e banalizadas pelos bandos bolsonaristas. Mas sabemos que estas práticas não ficam circunscritas apenas à extrema direita. Elas existem e se manifestam, em maior ou menor escala, em todos os setores da sociedade, independente da coloração ideológica. E por isso não podemos baixar a guarda, informando, combatendo e denunciando os opressores.

Ligado a este tema surgiram dois outros que deveremos retomar com muito mais atenção: o assédio moral e sexual. Já temos uma tradição com campanhas para inibir, denunciar, exigir a punição dos assediadores e acolher as vítimas. E como não podia ser diferente, assistimos a um aumento dos relatos de assédio (moral e sexual) contra os servidores, mas também terceirizados e, principalmente, terceirizadas. É obrigação dos dirigentes dos órgãos públicos coibir e punir exemplarmente os assediadores. Foi aprovado que intensificaremos a campanha contra as práticas opressoras, acolhendo e incentivando as vítimas a denunciarem, e exigindo dos gestores a devida punição. Opressores e assediadores devem ser expostos!
Outro tópico que mereceu destaque em nossos debates se refere ao aumento dos transtornos e adoecimento mental no ambiente de trabalho, que muitos já caracterizam como uma epidemia. Foi aprovado que o SINDSEF-SP organizará atividades na nossa base para debater e combater este grave problema.
Os ataques do governo aos aposentados e pensionistas também foi um tema de destaque. O congresso encampou todas as resoluções aprovadas no Encontro dos Aposentados e Pensionistas, realizado em novembro, com destaque de que é inaceitável a prática do governo que não respeita a paridade entre ativos e aposentados.
Vários outros temas foram discutidos, com importantes resoluções aprovadas. Convidamos a todos a lerem o caderno de resoluções que vamos divulgar nos próximos dias. Também pretendemos divulgar, na forma de cards, as principais resoluções.
Sobre os temas da conjuntura política, o congresso expressou por unanimidade, que nosso sindicato deve combater a extrema direita golpista, exigindo a prisão de todos os envolvidos na trama que resultou na tentativa de golpe do 8 de janeiro. Sem Anistia, prisão para Bolsonaro e todos os envolvidos! Aprofundamento das investigações, já que os financiadores ainda estão impunes.
Sobre o governo Lula, também foi consenso que este não governa para os trabalhadores. Nenhum delegado ou delegada defendeu o governo Lula. Ao contrário, houve muitas críticas. O que se manifestou, e é compreensível, foi uma grande preocupação com o retorno da extrema-direita nas próximas eleições. Falaremos dela a seguir.

Houve unanimidade em denunciar as medidas neoliberais do governo Lula, de ataque aos serviços públicos e aos servidores, seja pelo arrocho salarial, e de modo cruel contra os aposentados e pensionistas, pelas medidas de reforma administrativa que já vêm sendo implantadas de maneira infra-constitucional, pelo estrangulamento financeiro e sucateamento dos órgãos públicos, pelo grande número de privatizações (disfarçadas de ppp’s ou de concessões), ou por nem ter tentado cumprir suas promessas de campanha, dentre elas a de defender a revogação das reformas trabalhista e da previdência.
Até aqui podemos dizer que as avaliações e propostas foram, na essência, aprovadas de forma consensual. Tivemos algumas divergências quanto ao posicionamento do SINDSEF diante das próximas eleições, mas ainda assim, refletindo a maturidade, responsabilidade e compromisso dos delegados e delegadas com os interesses da nossa classe, conseguimos chegar “a seguinte formulação que também foi aprovada por unanimidade:
“O SINDSEF-SP defende a independência de classe. No âmbito eleitoral, o sindicato apoiará e defenderá, no primeiro turno, um programa que venha ao encontro dos interesses da classe trabalhadora e que contemple as Resoluções do nosso 29° Congresso”
Esta última resolução, em consonância com as demais aprovadas, reflete o quanto este congresso foi vitorioso e, mesmo diante de uma situação difícil, complexa, e defensiva, reafirmamos a combatividade deste sindicato e a nossa confiança na organização coletiva de nossa classe.
Com isso a diretoria do SINDSEF-SP vem a público parabenizar a todos os delegados e delegadas, que se dedicaram com afinco a debater todos os temas que surgiram neste congresso, vários muito complexos, alguns muito novos e que teremos que aprofundar. Aprovamos resoluções que certamente nos ajudarão a enfrentar todos os ataques a que estamos submetidos e outros que se avizinham. Com certeza o sindicato e a categoria saem mais fortes, com a certeza de que temos uma categoria que, apesar das dificuldades, aprendeu a superar os obstáculos. Ficou patente que, mais do que nunca, precisamos fortalecer, cada vez mais, o nosso sindicato!






