Evento amplia espaço para narrativas femininas e LGBTQIA+
A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa nesta quinta-feira (16) e segue até o dia 30 de outubro, exibindo 373 filmes de 80 países em 52 salas e centros culturais da capital paulista. Reconhecida por ser um dos maiores e mais longevos festivais de cinema da América Latina, a Mostra reafirma, mais uma vez, seu compromisso com a diversidade, a liberdade de expressão e o olhar plural sobre o mundo contemporâneo.
Criada em 1977, a Mostra é um dos eventos culturais mais importantes do país e se tornou um espaço de resistência artística e política. Ao longo das décadas, formou novas gerações de cinéfilos e cineastas, revelou nomes e trouxe ao público brasileiro produções inéditas e premiadas, mantendo-se como um território democrático do audiovisual, em diálogo com os temas e as urgências do nosso tempo.
Neste ano, a programação está especialmente robusta. Entre os destaques estão 15 títulos indicados por seus países ao Oscar 2026 de Melhor Filme Internacional, como:
- O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho (Brasil);
- Foi Apenas um Acidente, de Jafar Panahi (Irã), vencedor da Palma de Ouro em Cannes;
- No Other Choice, de Park Chan-wook (Coreia do Sul);
- Palestina 36, representante da Palestina.
Também estão programadas grandes estreias internacionais, como Frankenstein, de Guillermo del Toro; Jay Kelly, de Noah Baumbach; e Pai, Mãe, Irmã e Irmão, de Jim Jarmusch.
Direção feminina e o olhar das mulheres no cinema
A Mostra tem ampliado o número de filmes dirigidos por mulheres. Entre as produções que exploram o universo feminino, destacam-se:
- Eclise, um drama introspectivo sobre o envelhecimento e as transformações do corpo e da memória;
- Stereo Girls, que aborda a amizade entre jovens mulheres em meio a um cenário urbano caótico;
- Donkey Days, ambientado em uma pequena vila rural, em que o cotidiano das mulheres é atravessado por afetos e silêncios;
- Quatro Meninas, que acompanha a vida de adolescentes enfrentando desigualdades de gênero e expectativas sociais;
- Virtuosas, um retrato poético da força feminina na música clássica;
- Wilma ou Os Fantasmas da Liberdade, que mistura realismo e fantasia para tratar das pressões sociais sobre o corpo e a sexualidade;
- Eleanor the Great, uma reflexão delicada sobre solidão, maternidade e a passagem do tempo.
Essas obras colocam em evidência vozes femininas plurais, com abordagens que vão do intimismo à crítica social, ampliando o espaço das mulheres em uma indústria ainda marcada pela desigualdade de gênero.
Filmes com temáticas LGBTQIA+: diversidade em foco
Outra frente importante da programação são os filmes de temática LGBTQIA+, que celebram identidades, afetos e resistências em diferentes contextos culturais. O destaque é a mostra especial “Queerpanorama”, dedicada à diversidade sexual e de gênero.
Entre os títulos, figuram produções que dialogam com o amor, a memória e a liberdade, como:
- Maspalomas, que retrata o encontro entre dois homens em um balneário das Ilhas Canárias;
- Tese sobre Domesticação, uma reflexão sobre os limites da intimidade e do controle;
- Labirinto dos Garotos Perdidos, que acompanha a trajetória de jovens LGBTQIA+ em busca de pertencimento;
- A Garota da Última Parada, romance sensível sobre descoberta e autoconhecimento;
- Dreamers, que mescla realidade e sonho para falar da esperança em tempos de intolerância;
- Odd Fish e Tiger, que exploram, com humor e melancolia, o desafio de viver fora das normas sociais.
Com essas e outras produções, a Mostra apresenta seu compromisso com a pluralidade de vozes e narrativas.
Um espaço de diálogo e resistência
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é um espaço de formação e reflexão sobre o papel da arte em tempos de crise. Ela apresenta o poder do cinema de transformar e aproximar pessoas.
Para quem estiver na capital paulista ou de passagem, vale conferir a programação completa no site mostra.org e aproveitar o circuito de exibições espalhado por salas, centros culturais e espaços públicos da cidade.