O Sindsef-SP manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do professor Wilson Honório da Silva, ocorrido na tarde desta quarta-feira, 17 de setembro.
Professor de História, militante do PSTU, do Quilombo Raça e Classe e membro do Ilaese, Wilson será sempre lembrado como referência na luta contra o racismo e LGBTfobia e em defesa da classe trabalhadora. Autor da obra O mito da democracia racial, dedicou sua vida a denunciar e combater todas as formas de opressão e a organizar a resistência por uma sociedade justa.
Velho conhecido das servidoras e servidores do Sindsef-SP, esteve presente em diferentes atividades organizadas pelo sindicato, sempre com intervenções marcantes. Sua capacidade de relacionar a conjuntura política com fatos históricos era, para todos nós, uma verdadeira aula.
Wilson também carregava uma sensibilidade que se expressava em seus afetos. Gateiro assumido, tinha como companheiras Edith Piaf e Nina Simone, nomes que traduzem a profundidade de sua relação com a cultura e a resistência.
Revolucionário
Sua partida ocorre meses após um período de hospitalização por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), diagnóstico apontado como a terceira causa de mortes no mundo, sobretudo entre pessoas da sua faixa etária. Como bom revolucionário, não se dobrou: lutou e resistiu! Teve alta no fim de março, após mais de 30 dias internado.
Ainda no hospital, ciente da gravidade do diagnóstico, compartilhou publicamente suas “sensações e experiências vividas” naquele período. Não ignorou as manifestações de racismo, machismo, xenofobia e LGBTfobia que percebeu no hospital.
Ele próprio reconhecia que o acúmulo de nicotina, desde que começou a fumar aos 13 anos, impactou sua saúde. Mas acrescentava outras dimensões ao adoecimento que viveu: “a doença crônica, evidentemente associada ao consumo de nicotina, questões relacionadas a como enfrentei e aprendi a lidar com o racismo e a LGBTfobia ou tenho lidado com a saúde mental acabaram tendo uma influência na forma como a doença se manifestou.”
Wilson sintetizou o sentido de sua vida em suas próprias palavras:
“Quando afirmo (e estou convicto disto) que o fato de ter dedicado praticamente toda minha vida à luta revolucionária é o que dá ‘sentido’ para minha existência, isto também implica em ter a certeza de que é o que sempre me motiva a seguir adiante, para tudo e qualquer coisa, independentemente do que seja preciso enfrentar.”
Sua imagem, com punho cerrado, bradando os versos do poeta José Carlos Limeira – “Por menos que conte a história, não te esqueço meu povo, se Palmares não vive mais, faremos Palmares de novo”, seguirá viva em nossa memória e nos impulsionará em nossa luta.
Nos solidarizamos com seus familiares, amigas e amigos, companheiras e companheiros de militância.
Wilson Honório da Silva seguirá presente em cada batalha contra o racismo, a exploração e todas as formas de opressão.
Wilson, presente!