No dia 16 de outubro, o Museu Lasar Segall recebeu a palestra “Saúde no trabalho, saúde mental, prevenção de doenças”, promovida pelo Sindsef-SP em parceria com o Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos) e com apoio da administração do museu. A atividade contou com a exposição de Israel Luz, pesquisador e integrante da equipe do Ilaese.
A iniciativa surgiu de uma demanda concreta e dolorosa. Durante a abertura, Valquíria Cestrem, da área administrativa do museu, relatou o falecimento de uma colega terceirizada que, mesmo sentindo dores, continuou trabalhando sem apresentar atestado médico. A trabalhadora havia passado por um procedimento odontológico, desenvolveu infecção generalizada e veio a óbito em poucos dias.
O caso, que mobilizou a equipe e levou a administração a procurar o sindicato, escancara o adoecimento físico e mental que atinge o conjunto da classe trabalhadora, em especial os setores mais precarizados. Ao longo da palestra, Israel Luz reforçou que situações como essa não podem ser tratadas como responsabilidade individual, mas como resultado direto das condições de trabalho e das políticas que afetam a vida dos servidores e terceirizados.
O debate abordou também a insegurança que atinge todos os trabalhadores, independentemente do tipo de vínculo, e destacou a importância de manter espaços permanentes de diálogo e troca coletiva. Nesse ponto, o palestrante elogiou a iniciativa da administração do museu em promover a palestra e realizar encontros periódicos com os trabalhadores, como o que ocorreu antes do início da atividade.
Entre os temas discutidos, estiveram o adoecimento mental, Burnout, assédio moral e as formas de enfrentamento coletivo desses problemas. Uma das intervenções do público ressaltou que, embora os direitos trabalhistas ainda existam formalmente, há pressões para que não sejam exercidos, como ocorre com o direito de greve, que pode gerar perseguições e corte de salários. No caso dos terceirizados, o afastamento médico pode significar a perda de benefícios e até do emprego.
Apesar de o Sindsef-SP não representar legalmente os trabalhadores terceirizados, o sindicato atua como parte na luta mais ampla da classe trabalhadora. Nesse sentido, busca contribuir para a construção de alternativas e de saídas coletivas diante dos problemas que atingem todos os que vivem do trabalho.
Ao final, a atividade reforçou a necessidade de tratar a saúde do trabalhador como uma questão coletiva e política, e não como um problema individual. A construção de ambientes de trabalho saudáveis depende de mobilização, solidariedade e enfrentamento às condições que levam ao adoecimento.