Marcha Nacional das Mulheres Negras tomou Esplanada dos Ministérios em Brasília

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Nesta terça-feira (25), milhares de mulheres negras de todas as regiões do país ocuparam a Esplanada dos Ministérios na 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. Dez anos após a primeira edição, que reuniu cerca de 50 mil participantes, a nova mobilização reafirmou a necessidade de combater o racismo estrutural, a violência de gênero e a precarização da vida que seguem determinando a realidade das mulheres negras no Brasil.

O ato reivindicou reparação histórica pela escravização, demarcação e titulação de territórios quilombolas e indígenas, políticas de habitação e emprego, educação pública de qualidade, saúde integral e combate à violência. Organizado por movimentos negros e sociais, a mobilização defendeu um modelo de “bem viver” que garanta dignidade e acesso pleno a direitos.

Para ter “bem viver” é preciso reparação e enfrentar o capitalismo

A CSP-Conlutas teve presença na Marcha com a participação do Movimento Quilombo Raça e Classe, que participou com delegações vindas de regiões como o Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, além de outras entidades filiadas.

Em meio à presença de diversos movimentos, dos quais vários setores alinhados ao governo Lula, a delegação da base da CSP-Conlutas chegou à capital federal para reforçar que não há bem viver possível para as mulheres negras da classe trabalhadora sem uma reparação que confronte as bases do capitalismo e avance na luta por uma sociedade socialista. Afinal, bem viver é algo incompatível com um sistema econômico como o capitalista, que se sustenta justamente na exploração e na opressão de gênero e raça. O perfil de independência de classe também foi marca da nossa Central na manifestação.

A vice-presidente do Sindicato dos Correios do Vale do Paraíba e integrante do QRC Raquel de Paula destacou a centralidade da luta neste 25 de novembro, Dia Mundial contra a Violência às Mulheres. “Somos nós, as mulheres negras, que sofremos violência há 500 anos nesse país, seja pela violência machista, seja pela violência do Estado. Essa marcha é muito importante para cobrar dos governos políticas de reparação histórica pelos 380 anos de escravidão, políticas que passam por moradia, educação, saúde, condições de vida melhores e geração de emprego”, afirmou.

Também presente na marcha, Claudicéa Durans, do QRC do Maranhão, sintetizou a herança de resistência das mulheres negras e a necessidade de autonomia política da classe trabalhadora. “Fomos associadas como símbolo de escravidão, utilizadas como objeto sexual e mantidas em atividades subalternas. Hoje seguimos numa situação de extrema desigualdade, mas trazemos a herança de luta de nossas ancestrais. Precisamos de autonomia de classe, de gênero e de raça, sem ilusões em governos que não representam nossas necessidades”, afirmou.

Denúncia com alojamentos

A Marcha também foi marcada por denúncias de tratamento indigno às delegações. Caravanas de vários estados ainda chegavam à capital pela manhã, quando a comitiva de mulheres do PSOL Ceará afirmou ter sido direcionada a um alojamento na Granja do Torto que, segundo relatos, funciona como espaço para cavalos.

O local, descrito como insalubre, isolado, infestado de mosquitos, carrapatos e até escorpiões, gerou indignação entre as participantes. Delegações do Pará também denunciaram condições precárias em seus alojamentos.

Para as mulheres atingidas, o episódio não é mera falha logística: “É uma escolha política que reforça práticas racistas e desumanizantes, destinando delegações negras, pobres e nordestinas aos piores espaços”, afirmaram. A organização do evento respondeu apenas que o local havia sido “limpo”, ignorando a gravidade da situação. A CSP-Conlutas declarou solidariedade às delegações e repudiou o tratamento dado às participantes.

A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras evidenciou que, uma década após sua primeira edição, as pautas das mulheres negras seguem urgentes. Para nossa Central, somente a organização independente da classe trabalhadora poderá enfrentar o racismo, o machismo e a exploração capitalista que seguem desumanizando as mulheres negras no Brasil.

Fonte: CSP-Conlutas

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