As manifestações de carinho e o reconhecimento da luta travada por Carlos Daniel em prol da categoria e por um serviço público digno marcaram o Ato Público Pela Reintegração do servidor. A atividade ocorreu na manhã de quarta-feira, 04/05, em frente ao prédio do Ibama.
O objetivo da manifestação foi, além de exigir a reintegração, denunciar a perseguição que o trabalhador sofreu nos últimos anos e que culminou nesta injusta demissão. As intervenções expressavam a indignação com este governo que tem utilizado o assédio moral como política de gestão.
A grande quantidade de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra servidores indicam que estão sendo usado como ferramenta para perseguir e punir trabalhador. Além disso, falta transparência na Administração Pública, que não disponibiliza o conteúdo completo dos processos, nem mesmo para os envolvidos. “O processo que embasa minha demissão é um processo que nós desconhecemos”, comentou Carlos Daniel.
Paulo Barela, membro da CSP-Conlutas, informou que o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasef), composto por 28 entidades nacionais do funcionalismo e três centrais sindicais (CSP-Conlutas, CTB e Cut) aprovou uma moção contra a politica de criminalização dos movimentos e que também irão impulsionar a Campanha pela reintegração de Carlos Daniel.
Barela destacou que os governantes atuam para barrar a organização dos trabalhadores contra as politicas que eles implementam. Ele avalia que a demissão de Carlos tem haver com a luta que ele desenvolve, não somente em favor do meio ambiente, mas pela defesa do conjunto do funcionalismo federal. “Carlos Daniel é uma vitima deste processo de ataque as lideranças da classe trabalhadora”.
Um momento de particular emoção, foi quando Carlos Daniel falou da presença da mãe e da ausência da filha. A mãe, Maria Nelma, militante e perseguida política durante a ditadura, se separou do filho quando ele tinha apenas dois meses de idade e foi obrigada a viver na clandestinidade por cerca de seis anos. “Esta experiência reflete muito o nível de luta que está na minha família”, falou com a voz embargada.
Sobre a ausência da filha: “A minha filha está na ocupação da Escola Técnica de São Paulo denunciando a máfia da merenda. Porque só a luta muda a vida, só a luta faz com que a gente tenha outro rumo para humanidade”, justificou.
Maria Nelma, em sua saudação, desejou mais que a reintegração do filho. Desejou que o povo brasileiro tenha direito a uma vida digna e repleta de possibilidades iguais para todos. Ao filho mandou uma mensagem: “Você pode ter que enfrentar muita dificuldade para ganhar o pão de cada dia, mas vá em frente porque o país merece”.
A atividade reuniu representante da CSP-Conlutas, do Sindicato dos Metroviários, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, do Quilombo Raça e Classe e de diferentes setores do funcionalismo, como: Incra, DNPM, Iphan, MTE, Ipen, Ex-LBA, Defesa, Min. da Saúde, Previdência, Judiciário Federal, Banco Central , além de colegas do Ibama da capital e do litoral.
O servidor também recebeu apoio da Rede Sindical Internacional, que enviou uma carta à Presidente da República Dilma Rousseff, pedindo sua reintegração e condenando a demissão.
“Não podemos aceitar que uma administração da qual fazem parte vários sindicalistas recorra a perseguição e a demissão de ativistas sindicais”, diz um trecho do documento, que encerra pedindo a imediata reintegração do servidor. A carta foi enviada com cópia para a Ministra do Meio Ambiente e para o Superintendente Regional do Ibama.