CSP-CONLUTAS discute tarefas para enfrentar governo Bolsonaro

26/05/2022

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Entre os dias 14 e 16 de fevereiro, ocorreu a 1a reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, com importantes debates ara impulsionar a luta no próximo período. Membros da diretoria do Sindsef-SP acompanharam os painéis de debates e votações que aconteceram.” title=”<--break-->” class=”mceItem”>

A primeira atividade foi dedicada a fazer um balanço do primeiro ano do governo Bolsonaro e o debater os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora. Plínio de Arruda Sampaio Junior, do Boletim Contra Poder; Maria Tereza Cruz, da Ponte Jornalismo e Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, foram os integrantes da mesa e apresentaram avaliações sobre a conjuntura e as tarefas para os movimentos.

Plínio iniciou sua fala lembrando que a grave crise capitalista é que vem condicionando os ataques em curso aos trabalhadores em todo o mundo. “Estamos vivendo o capitalismo do abismo, da catástrofe, da barbárie. Nos países do centro e da periferia, mas é nos países periféricos onde isso é muito mais sentido”, disse.

“O impacto disso no Brasil é devastador. O país está há sete anos estagnado. A indústria brasileira está sendo desmontada a um ritmo acelerado. Um de cada quatro brasileiros está desempregado, desalentado ou subutilizado. Assistimos uma crise ambiental. A crise política compromete as bases do que foi a Nova República”, explicou.

“Por isso, a burguesia vem redefinindo tudo e aplicando um projeto de ajuste e redução do papel do Estado em todo o mundo. No Brasil, estão aplicando uma política liberal extremada e autoritária”, continuou.

“O papel de Bolsonaro é transformar o país numa megafeitoria moderna, neo-escrava. Na economia, querem impor o reino dos grandes negócios a serviço dos interesses privados. Negam a cidadania do trabalhador, que vem ser apenas burro de carga, que se empacar tem de ser surrado. Na política, mão dura. Não é um governo totalitário, mas Bolsonaro tem intenções totalitárias. É um governo do obscurantismo, a república dos capangas, dos milicianos”, falou.

Plínio dedicou sua fala também para discutir o papel das organizações e movimentos de esquerda para enfrentar o projeto da ultradireita e destacou que é preciso um projeto alternativo. “Quem hoje é a oposição ao Bolsonaro? Rodrigo Maia, pela direta, pelo liberalismo. E na esquerda, uma oposição comandada pelo PT e seus partidos satélites. Mas é uma oposição formal, protocolar. Em Brasília, são contra os projetos do governo. Nos estados, estão a favor. Na prática, defendem o mesmo projeto em dose menor”, denunciou.

Para Plínio, o desafio das organizações combativas e revolucionárias é ter outra dinâmica para estar à altura desta conjuntura. “Precisamos unificar a esquerda e dar voz a um projeto político e econômico alternativo, que enfrente todos os problemas do povo. Fazer as reformas urbana e agrária, reestatizar, não pagar a Dívida Pública. Enfim, lutar pelo fim do neoliberalismo e garantir intervenção popular. O povo quer lutar, a inquietação é enorme. O desafio é dar voz e ter política para essa insatisfação”, concluiu.

A jornalista Maria Tereza Cruz falou em seguida a Plínio e centrou sua exposição em analisar a construção narrativa utilizada pela ultradireita antes e depois da eleição de Bolsonaro e socializar as experiências que vem testemunhando a partir das reportagens produzidas pela Ponte, site especializado na cobertura de questões de direitos humanos, área de segurança pública e justiça.

Maria Tereza destacou que sob Bolsonaro temos vistos ataques diários à democracia e direitos fundamentais.

“O machismo, o racismo, a LGBTfobia, a xenofobia, a criminalização da pobreza sempre estiveram presentes na sociedade e em outros governos, mas Bolsonaro, seu discurso e medidas autorizam as pessoas a serem racistas, misóginas, lgbtfóbicas. Setores passaram a se sentir autorizados a expressar isso simbolicamente ou, os que têm cargos, a efetivar essas políticas no dia a dia”, disse.

Ela destacou ainda o perfil conservador, de ignorância, “neocientificista” (que questiona a ciência e a história) de Bolsonaro e seu governo, que usa das fake News e ataques à liberdade de imprensa para impor suas medidas e defender suas posições. Segundo Maria Tereza, as organizações e movimentos da esquerda precisam saber enfrentar essa “construção narrativa”.

“Temos de tomar cuidado para não ser feitos de bobos e analisar a fundo a realidade e com um recorte de classe”, afirmou.

Maria Teresa exemplificou as estatísticas que mostram a redução dos casos de homicídios, que o governo tenta capitalizar. “Não entram nas estatísticas as mortes ocasionadas pela ação da PM. E nas periferias o que vemos todo dia é que mortes por bala perdida. Aliás, é bala achada. Que atingem corpos negros, pobres e periféricos. Não podemos discutir violência sem falar sobre isso”, disse a jornalista.

A palestrante citou ainda a chacina do Cabula, ocorrida em Salvador (BA) em 2015, quando uma ação da PM deixou 12 jovens mortos. “O caso segue sem desfecho até hoje, os policiais seguem atuando e em julho de 2015 foram absolvidos por uma juíza sob o argumento do excludente de ilicitude”, relatou, ressaltando que esse mecanismo foi retirado do recente pacote de segurança de Sérgio Moro, mas na prática já é aplicada pelo Estado.

Citando ainda outros fatos como as relações espúrias da família Bolsonaro com milicianos do Rio de Janeiro e o discurso dos governos diante das enchentes provocadas pelas chuvas, que tentam responsabilizar as ocupações e movimentos por moradia pelas tragédias, encerrou sua fala reafirmando que é tarefa da esquerda contrapor a construção narrativa que a ultradireita tenta impor e mostrar a real face do governo Bolsonaro.

O membro da SEN Atnágoras Lopes também resgatou em sua explanação a profundidade da crise capitalista, destacando a instabilidade e o desequilíbrio em todos os regimes no mundo. “O grau da ofensiva da rapina imperialista traz brutais ataques, mas também as profundas contradições deste sistema, que tem buscado aumentar cada vez mais a exploração”, afirmou.

“Jogar a crise capitalista sobre nossas vidas é a política do capital. Para isso, eles não veem fronteiras. Aplicam em todo o mundo. Os brutais planos de ajuste, a repressão, o autoritarismo são as ferramentas a serviço dos interesses do capital. Mas essa realidade também nos mostra que tem muita luta de classe, muito enfrentamento. Essa é a leitura da CSP-Conlutas”, completou.

“Vivemos uma grande polarização social, em que diante da ofensiva brutal, vemos levantes e resistências fenomenais. Para citar apenas alguns, temos o levante no Chile, a greve que derrotou Macron na França. Diferente dos que consideram haver uma onda conservadora, vemos uma polarização, com processos de luta que questionam o regime, buscam alternativas. O momento atual traz perigos, mas também oportunidades”, disse.

“Mas a luta para enfrentar os governos, sejam de direita ou ditos de esquerda, não significa repetir projetos de conciliação de classes que tem responsabilidade no que vivemos hoje. Nossa tarefa é apresentar alternativa para a classe. Enfrentar a ultradireita com a propaganda do socialismo, única forma de libertar os trabalhadores. E devemos fazer isso no terreno da luta direta. Não podemos desviar essa luta para um terreno eleitoral, para fortalecer a democracia burguesa, e resulte numa nova conciliação. Devemos e podemos derrotar Bolsonaro e a ultradireita agora e para isso precisamos juntar todos que estejam dispostos a lutar”, concluiu.

Fonte: CSP-Conlutas

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