A reforma administrativa irá atingir precisamente as pessoas LGBTQIAP+, mulheres, negras e negros e povos originários, porque desmonta os serviços públicos de forma geral e essas minorias são quem mais dependem deles.
Mas, também, porque é um ataque aos setores oprimidos quando prevê os contratos de experiência nos moldes da iniciativa privada, antes da efetivação no serviço público; nos processos de desligamento do serviço público, por razões de corte de gastos de pessoal; e quando acaba com a estabilidade dos servidores.
No caso dos contratos de experiência, assim como ocorre no setor privado, a tendência é que o homem branco e hetero leve vantagem na escolha da vaga numa concorrência com o mesmo nível de eficiência com uma trans ou negra, por exemplo, especialmente durante gestões de governos lgbtfóbicos, machistas e racistas como de Bolsonaro.
Do mesmo modo, num processo de desligamento do serviço público, quem será mantido: um homem branco ou uma mulher? A situação torna-se mais delicada se colocarmos uma transsexual, uma mulher negra ou um homem ou mulher com comorbidade e um homem branco saudável.
Na sociedade marcada pela discriminação racial, de gênero e de orientação sexual, esse tipo de situação, negado pelo princípio da impessoalidade da Administração Pública, terá um ambiente mais favorável a acontecer. Se hoje, apesar de ser um espaço mais democrático que a iniciativa privada, há uma minoria de pessoas de setores historicamente oprimidos nos cargos de chefia ou assessoramento, imagine se a reforma administrativa for aprovada.
A estabilidade no serviço público e o concurso público são verdadeiras ações afirmativas que combatem as desigualdades raciais, de gênero e orientação sexual, no âmbito do trabalho.
Diga não à reforma administrativa!