
Entre os dias 25 de novembro e 2 de dezembro, São Paulo recebe a quinta edição do DH Fest – Festival de Cultura em Direitos Humanos, que ocupa diversos espaços culturais da capital com uma programação inteiramente gratuita. O evento, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Criatura Audiovisual, propõe neste ano o tema “Memória, Terra e Liberdade”, destacando a urgência de revisitar o passado, defender os territórios e afirmar a liberdade como direito inegociável.
A edição de 2025 marca também os 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog, episódio símbolo da violência de Estado durante a ditadura civil-militar brasileira. Em homenagem ao jornalista, o festival reúne uma série de documentários que revisitam sua trajetória e o impacto de sua luta na defesa da democracia, como “Herzog, o crime que abalou a ditadura” e “A Vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog”.
Cinema, teatro, música e debates
A programação do DH Fest traz mais de uma centena de atividades culturais. Na abertura, no dia 25/11, o cinema Reserva Cultural exibe o longa “Alma Negra, do Quilombo ao Baile”, dirigido por Flavio Frederico, que investiga a valorização da cultura negra e a resistência política por meio da música soul. O filme, ainda inédito comercialmente, destaca figuras como Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez e Edneia Gonçalves, e já integra seleções importantes como o Festival de Havana.
No circuito de filmes, ganham destaque Honestino e produções de diretores como Aurélio Michiles, Evaldo Mocarzel, Joel Zito Araújo, Tainá Müller e Caru Alves de Souza, além de curtas premiados que abordam questões indígenas, LGBTQIA+, ambientais, urbanas e de direitos civis. Entre eles, Alice, vencedor no Hot Docs, Marmita, O Som da Pele, Presépio e Cavaram uma Cova no Meu Coração.
Pela primeira vez, o festival inclui um espetáculo teatral: “Cerrado!”, do Grupo Pano, indicado ao Prêmio Shell 2025. A peça mistura realismo fantástico e crítica social para refletir sobre colonialismo e as burocracias que atravessam a vida latino-americana.
No Galpão Cultural Elza Soares, o dia 29/11 terá programação especial com o almoço da Cozinha Escola Dona Ilda (MST), além de shows da Discopédia e de Leci Brandão, que retorna aos palcos após pausa para cuidados de saúde.
Outro momento de destaque é o debate “Memória, Terra e Liberdade”, no dia 27/11, reunindo o ambientalista martinicano Malcom Ferdinand — referência em ecologia decolonial — e a escritora e ativista indígena Geni Nunez, provocando reflexões sobre território, justiça climática e futuros possíveis.
Prêmio Marimbás estreia no festival
Uma das novidades deste ano é o Prêmio Marimbás, criado para reconhecer personalidades cujas trajetórias se entrelaçam com a luta por direitos humanos. O troféu, concebido pela cartunista Laerte e inspirado no filme Marimbás, de Vladimir Herzog, homenageará nesta edição o fotógrafo Sebastião Salgado (in memoriam) e a atriz e cantora Zezé Motta, que fará um pocket show após a cerimônia.
Arte como memória e resistência
Com atividades no Centro Cultural São Paulo, Cinemateca Brasileira, Galpão Cultural Elza Soares, Espaço Petrobras de Cinema, Reserva Cultural e na plataforma CultSP Play, o DH Fest 2025 reafirma a arte como instrumento de reflexão crítica e defesa da democracia. Ao retomar a história de Vlado e conectar diferentes lutas contemporâneas, o festival amplia o diálogo sobre justiça, liberdade e direitos no Brasil de hoje.
Serviço – 5º DH Fest – Festival de Cultura em Direitos Humanos
25 de novembro a 2 de dezembro
CCSP, Cinemateca Brasileira, Galpão Cultural Elza Soares, Espaço Petrobras de Cinema, Reserva Cultural e CultSP Play
Atividades gratuitas
Programação completa: https://www.dhfest.art.br





