Dia do Orgulho Lésbico: memória, resistência e visibilidade

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Hoje, 19 de agosto, celebramos o Dia do Orgulho Lésbico, uma data marcada pela coragem e pela resistência.

O marco histórico remonta ao Levante do Ferro’s Bar, em São Paulo, em 1983. Naquele dia, mulheres lésbicas do Grupo de Ação Lésbico-Feminista (Galf) foram proibidas de distribuir o jornal ChanaComChana, que trazia debates e produções sobre feminismo e lesbianidade. Diante das agressões e da censura, elas reagiram com manifestações que ficaram conhecidas como o “Stonewall brasileiro”. Esse episódio tornou-se a primeira grande ação organizada de lésbicas no país e projetou suas demandas para além dos muros do bar, abrindo caminho para que a sociedade brasileira fosse obrigada a escutá-las.

A luta, no entanto, não parou ali. As mulheres lésbicas conquistaram alguns importantes avanços, mas sempre à custa de muita resistência. Entre os marcos está a mudança da sigla GLBT para LGBT, em 2008, uma vitória simbólica que trouxe maior visibilidade ao grupo. Outra conquista veio do movimento de saúde: ao longo dos anos, ativistas lutaram para que as políticas públicas de atenção à saúde da mulher contemplassem também a realidade das lésbicas, muitas vezes invisibilizadas no atendimento do SUS.

A pauta da criminalização da lesbofobia também ganhou destaque, especialmente após decisões do Supremo Tribunal Federal que equipararam crimes contra a população LGBTQIAPN+ ao crime de injúria racial.

Apesar desses avanços, a lesbofobia ainda é uma realidade cruel. Casos de violência, como o estupro corretivo, o lesbocídio e a fetichização continuam a ameaçar vidas. Dados do 1º Lesbocenso Nacional (2021-2022) mostram que mais de 78% das mulheres lésbicas no Brasil já sofreram assédio ou violência. Além disso, ainda recaem sobre elas pressões sociais relacionadas à maternidade compulsória e a questionamentos invasivos sobre seus relacionamentos, todos frutos de uma sociedade profundamente heteronormativa e patriarcal.

Agosto é considerado o mês da Visibilidade Lésbica, e além do Orgulho celebrado hoje, teremos no dia 29 de agosto o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, instituído em 1996, após o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), no Rio de Janeiro. O encontro foi um marco para o fortalecimento do movimento, trazendo temas como saúde, organização coletiva e direitos, e consolidando-se como espaço fundamental de debate e mobilização até os dias atuais.

Essas duas datas se complementam: o Orgulho Lésbico lembra a força de um levante que fez história, enquanto a Visibilidade Lésbica reafirma a importância de ocupar espaços e quebrar silêncios. Orgulho e visibilidade caminham juntos como bandeiras de uma luta que não se encerra, porque ser lésbica é resistir, mas também é existir com dignidade, amor e liberdade.

E para que essa luta avance, é essencial que o preconceito seja denunciado. No Brasil, o Disque Direitos Humanos – Disque 100 funciona todos os dias, 24 horas, inclusive em finais de semana e feriados.

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