O Museu Judaico de São Paulo está com a exposição “Lasar Segall: sempre a mesma lua” em cartaz, reunindo 60 obras do artista — entre pinturas, gravuras, desenhos e aquarelas — produzidas tanto em seu período europeu quanto após sua imigração para o Brasil. A mostra, realizada em parceria com o Museu Lasar Segall, fica aberta ao público até abril de 2026.

Com curadoria de Patricia Wagner, a exposição propõe uma leitura poética da trajetória do artista, sem seguir uma linha cronológica tradicional. A lua, escolhida como fio condutor, funciona como metáfora para o olhar sensível e empático de Segall, atravessado por questões como deslocamento, espiritualidade, identidade e memória.
O título da mostra remete a um episódio narrado por Vinicius de Moraes. Durante uma conversa com Rubem Braga, ao observarem a lua, Segall teria dito: “Essa velha lua, amigo, sempre a mesma…”. A frase inspira a curadora a pensar permanências e transformações na obra do artista, que viveu intensamente as tensões políticas e culturais da primeira metade do século XX.
O núcleo central da exposição coloca lado a lado obras expressionistas produzidas por Segall na Alemanha e trabalhos realizados no Brasil a partir de 1923. A convivência entre paletas densas e tons tropicais revela como deslocamentos geográficos, guerras e mudanças sociais impactaram seu vocabulário visual.
Entre os destaques, está “Eternos caminhantes” (1919), obra confiscada pelo regime nazista em 1937 e exibida na mostra Arte Degenerada, símbolo da perseguição ao modernismo. Recuperada pela família apenas em 1958, a tela integra o conjunto cedido pelo Museu Lasar Segall. A exposição apresenta ainda trabalhos da Pinacoteca de São Paulo — como “Morte” (1919) —, além de peças de coleções particulares, entre elas “Morro vermelho” (1926) e “Mulata com criança” (1924), acompanhada de contextualização crítica. A pintura “Interior de pobres II” (1921) foi restaurada especialmente para a mostra.
Inaugurada em 29 de novembro, a exposição reforça a atualidade das discussões trazidas por Segall, especialmente diante de temas como violência, intolerância e deslocamentos forçados. Para a curadora, revisitar a obra do artista é também revisitar o presente:
— Se a lua ilumina todos os caminhos, todos os deslocamentos, ela ilumina também as guerras. Ao final, ela não é apenas uma “chave” poética, mas uma observadora. Há uma forte ligação entre Segall e o que nos é contemporâneo, por isso revisitamos sua obra à luz do presente — afirma Wagner.
Exposição “Lasar Segall: sempre a mesma lua”
Onde: Museu Judaico de São Paulo — Rua Martinho Prado, 128, Bela Vista
Visitação: terça a domingo, das 10h às 18h
Em cartaz até: abril de 2026
Ingressos: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia); gratuito aos sábados





