Após governo assumir compromisso de negociar com os grevistas, servidoras e servidores da Cultura decidem pelo retorno ao trabalho, mas seguem mobilizados pela reestruturação da carreira
A decisão é parte de uma estratégia coletiva na luta pela implementação do Plano de Carreira da Cultura (PCCULT), pauta histórica da categoria. Embora retornem às atividades, os servidores seguem em estado de mobilização, acompanhando atentamente o cronograma de reuniões entre o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Após a primeira reunião do Grupo de Trabalho entre o MinC e o MGI, foi enviado um ofício às entidades, representantes da categoria, apontando compromissos do governo nas negociações em curso. O documento destaca que, atendendo à reivindicação dos grevistas, o cronograma de reuniões teve uma redução de 45 dias em relação ao prazo inicialmente apresentado. No entanto, o novo calendário foi apresentado com algumas incongruências, sendo solicitado esclarecimento junto ao MinC, aguardado pela categoria. O MinC também se comprometeu a realizar reuniões com representantes da categoria ao final de cada etapa do cronograma, para avaliar os avanços.
Depois de amplo debate, que incluiu dúvidas legítimas sobre se este seria o momento adequado para suspender o movimento, a categoria deixou registrado que a greve poderá ser retomada a qualquer momento, caso o governo não cumpra sua parte no processo. Seguirá promovendo atos pontuais e diálogos com a sociedade civil, artistas e parlamentares, em busca de apoio para que o PCCULT finalmente saia do papel e seja implementado.
Luis Genova, servidor do Ipen e Secretário-Geral do Sindsef-SP, avalia que a greve cumpriu um papel essencial, pois sem a paralisação “tudo indica que sequer teríamos sido recebidos”. Segundo ele, o governo foi pressionado a se posicionar, mas a experiência de outros setores mostra que é fundamental manter a mobilização ativa.
Carta contra o PL da Devastação
Na assembleia anterior, realizada em 28/05, também foi discutido o PL 2.159/2021, conhecido como “PL da Devastação”, que compromete gravemente a atuação da arqueologia. Diante do silêncio institucional sobre o tema, foi encaminhada a elaboração de uma carta pública dos servidores do Iphan contra o projeto.
Apoio parlamentar
A deputada federal Sâmia Bomfim esteve no Iphan/SP manifestando seu apoio à mobilização e dando visibilidade à greve por meio de suas redes sociais. Na ocasião, também foram discutidas articulações parlamentares em defesa do PCCULT.
A mobilização continua. A luta é por valorização, respeito e pela construção de uma carreira à altura da importância da cultura no Brasil.