A Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025, que isenta do Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil por mês e institui cobrança adicional para pessoas com rendimento acima de R$ 600 mil ao ano.
A proposta, que recebeu 493 votos favoráveis e nenhum contrário, também prevê uma redução no imposto para pessoas com renda mensal de até R$ 7.350,00. A proposta segue agora ao Senado.
A pressão popular foi elemento decisivo nesse desfecho. Em especial, as manifestações ocorridas em meados de setembro, que levou centenas de milhares às ruas e ainda contou com grande mobilização nas redes, funcionando como catalisador para que destravar a votação de pautas de interesse dos trabalhadores.
Esses protestos foram motivados por pautas mais amplas, como a rejeição à chamada “PEC da blindagem” e denúncias de anistia para atos golpistas, mas encontraram um ponto de convergência justo na defesa da isenção do Imposto de renda e taxação de quem ganha mais que a mioria dos trabalhadores brasileiros.
IR dos super-ricos
Um levantamento inédito do Sindifisco Nacional, divulgado pela BBC News Brasil, mostra que os super-ricos no país — contribuintes com ganhos milionários — pagam proporcionalmente menos da metade do Imposto de Renda que a classe média.
Entre 2007 e 2023, a carga tributária sobre os mais ricos caiu cerca de 40%, impulsionada pelo aumento dos ganhos com dividendos, isentos de tributação no Brasil desde 1996. Já a classe média tem arcado com uma fatia crescente do imposto, devido ao congelamento da tabela do IR, que não acompanha a inflação.
Na prática, desde 2009, brasileiros com rendimentos acima de 320 salários mínimos por mês passaram a contribuir proporcionalmente menos que os assalariados de renda intermediária — e essa distância só cresce com o tempo.
Esse contraste evidencia a desigualdade do sistema tributário brasileiro: enquanto a classe média e os trabalhadores pagam cada vez mais, os super-ricos estão blindados por regras que reduzem sua contribuição.