Nesta segunda-feira (12/05), foi realizada a primeira audiência sobre o assassinato do jovem Luiz Fernando, executado em 2023 por policiais da ROTA, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Luiz Fernando tinha apenas 20 anos e foi morto sem chance de defesa.
A manifestação em frente ao tribunal foi marcada por muita emoção. Mães e familiares de vítimas da violência de Estado, vindos de São Paulo e do Rio de Janeiro, chegaram levando solidariedade e força à Sandra, mãe de Luiz Fernando. Várias faixas foram sendo estendidas em um varal, representando as vidas perdidas nas mãos dos agentes de segurança do Estado. As mães vestiam camisetas com os rostos do filhos assassinados, histórias que não deveriam existir.
Os relatos são entrecortados por silêncios profundos. Silêncios para respirar, para engolir o choro, para tentar manter a voz firme. Mas não dá. Elas falam e choram. E quem ouve, chora junto. Em uma das falas frisaram que todas elas “… são mães que trabalham para pagar os impostos usados para comprar as balas que matam seus filhos …”
O Sindsef-SP esteve presente no ato. Já há alguns anos, o sindicato se soma a essa luta, expressando seu apoio ao movimento de mães. Apoiar essas mulheres é defender a vida, é exigir justiça, é denunciar o genocídio que atinge principalmente jovens negros e periféricos. A dor dessas mães não pode ser naturalizada. É preciso transformá-la em luta coletiva.
Três policiais são acusados pelo crime e, nesta segunda, passam por audiência de instrução. É no fim desta etapa processual que o juiz decidirá se os agentes vão ou não para júri popular.
O projeto Mapas da (in)justiça, elaborado pelo Centro de Pesquisa Aplicada em Direito e Justiça Racial da FGV Direito São Paulo, revelou que nenhum policial que atua em São Paulo foi responsabilizado por uma abordagem letal ou violenta entre 2018 e 2024. “A luta não é só pelo Luiz Fernando, é por todos os nossos filhos, porque quando uma mãe perde um filho, todas perdem”, disse.
Com informações da www.ponte.org.br