O Sindsef-SP manifesta solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti, diante das notícias da suspensão das transmissões das suas missas e das suas atividades nas redes sociais.
A posição está alicerçada no respeito por sua trajetória incansável de luta em defesa do povo de rua, dos empobrecidos e vulneráveis.
A decisão da igreja ocorre em meio à escalada de ataques recorrentes de setores da ultradireita contra o padre, através de ações judiciais e campanhas de calúnias e desinformação.
Ressaltamos, no entanto, que a voz que se tenta calar nas plataformas digitais ecoa, mais alta do que nunca, nas ruas, nos abrigos e no coração daqueles a quem ele serve. Seu silêncio midiático não apaga a potência da sua luta.
Este episódio reflete dois pesos e duas medidas para situações midiáticas envolvendo a igreja: quais vozes são frequentemente convocadas ao silêncio? Justamente aquelas que, como a do Padre Júlio, ousam ficar ao lado dos excluídos, denunciar violências e desigualdades. Enquanto isso, discursos de ódio que, em nome da fé, frequentemente criminalizam os pobres, estigmatizam a luta por direitos e servem a interesses alheios ao bem comum, parecem encontrar ampla ressonância.
Rejeitamos veementemente a possibilidade de sua transferência, aventada através de rumores ainda não confirmados. A Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, é sua comunidade, seu rebanho e sua missão há mais de 40 anos. Qualquer afastamento seria uma perda imensurável para o povo pobre.
A restrição imposta é vista por fiéis e apoiadores como uma forma de censura ao padre. Calar o Padre Júlio nas redes não é apenas uma medida administrativa; soa como uma tentativa de invisibilizar, mais uma vez, a dura realidade das ruas que ele denuncia e acolhe na Paróquia São Miguel Arcanjo.
Em nota divulgada nesta terça (16), o padre afirma o seguinte:
“Conforme informado no último domingo (14/dez), as transmissões estão temporariamente suspensas, porém as missas dominicais continuam sendo celebradas normalmente às 10h, na Capela da Universidade São Judas – Mooca.
As redes sociais não estão sendo movimentadas por um período de recolhimento temporário.
Não procede a informação sobre a transferência da Paróquia São Miguel Arcanjo.
Reafirmo minha pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo”.
Neste momento, nosso compromisso é de vigília e apoio. Nossa solidariedade ao Padre Júlio é, na verdade, solidariedade a todos os que ele representa e defende.
