Refutando ponto a ponto as justificativas que sustentam os juros mais altos no Brasil

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Confira nota da Auditoria Cidadã da Dívida sobre as mentiras do mercado para justificar os juros!

Hora de questionar a narrativa oficial e da grande imprensa sobre a Selic

🔴 1. “A inflação (IPCA) nos últimos 12 meses terminados em março/2025 (de 5,48%) está acima da meta (de 4,5%), devido à demanda aquecida, e isso justifica a alta da Selic”

✅ Refutação:

Quase a metade dessa inflação (45,5% de 5,48% = 2,5%) é decorrente da alta de alimentos e energia, devido a fatores fora do alcance dos juros, que não tem nada a ver com uma suposta “demanda aquecida”, como:

  • Priorização da agricultura de exportação, sem a formação suficiente de estoques reguladores de alimentos, o que nos deixa vulneráveis a fatores como clima adverso (seca, geadas, enchentes) e preços internacionais (commodities);
  • Tarifas administradas pelo governo (como energia e combustíveis).

A Selic não influencia esses preços. Ao contrário, o aumento da Selic apenas agrava a situação, encarecendo o crédito, elevando os custos para produtores e consumidores, e reprimindo a atividade econômica sem atacar as causas reais da inflação.

Considerando a inflação sem computar alimentos e energia, o índice seria de 2,98%, dentro da “meta de inflação”

🔴 2. “O aumento da Selic ajuda a conter a inflação, pois combate a demanda excessiva”

✅ Refutação:

Quase 70% da inflação dos últimos 12 meses terminados em março/2025 (de 5,48%) não guardam relação com uma suposta demanda aquecida, pois decorreram de preços administrados pelo governo (energia, combustíveis, transporte público, taxa de água e esgoto, pedágio, cigarros, medicamentos, planos de saúde), alta de alimentos (devido à priorização da exportação) e cursos regulares (que aplica a inflação anterior).

Na prática, o efeito é inverso:

  • Juros mais altos encarecem o crédito para empresas e famílias;
  • Isso pressiona os custos de produção e serviços, que são repassados ao consumidor, aumentando os preços;
  • parcelamentos e cartão de crédito sofrem reajustes automáticos com base na Selic.
  • juros mais altos reduzem o investimento, reduzindo assim a capacidade produtiva do país, e assim a oferta de bens e serviços Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, esse modelo é um mecanismo perverso que retroalimenta a própria inflação que promete combater.

🔴 3. “O Banco Central precisa agir com ‘prudência’ e ‘cautela’ porque o cenário é incerto”

✅ Refutação:

Esse argumento é vago e conveniente, usado para sustentar uma política de juros altos de forma permanente.

A “incerteza” é usada como pretexto, mesmo quando a inflação não decorre de uma suposta demanda aquecida. O que não se diz é que:

  • Juros altos beneficiam os rentistas e o mercado financeiro;
  • A dívida pública é fortemente impactada pela Selic, elevando o gasto com juros e transferindo bilhões de recursos públicos para os detentores de títulos.

🔴 4. “As metas de inflação exigem manutenção da Selic alta”

✅ Refutação:

A própria meta de inflação é questionável e arbitrária. Ela é definida com base em critérios que não levam em conta:

  • A estrutura produtiva do país;
  • O impacto social das medidas de contenção via juros.
  • A origem da inflação brasileira, que não guarda relação com a taxa de juros

Além disso, o modelo de “meta contínua” torna o “combate à inflação” eterno, permitindo ao Banco Central justificar juros altos indefinidamente.

🔴 5. “A Selic alta estimula a poupança e desestimula o consumo”

✅ Refutação:

Esse é um argumento da teoria ortodoxa que desconsidera a realidade brasileira, onde:

  • A maioria da população está endividada e não tem como poupar;
  • O consumo das famílias responde por mais de 60% do PIB — desestimulá-lo enfraquece a economia como um todo.

Além disso, o volume de juros pagos aos pequenos poupadores são ínfimos comparados ao que o governo paga aos bancos via títulos da dívida — ou seja, quem realmente ganha com a Selic alta não é o cidadão comum, mas o sistema financeiro.

🔴 6. “A decisão foi unânime e esperada pelo mercado financeiro”

✅ Refutação:

A “unanimidade” reflete um consenso entre representantes do próprio sistema financeiro no Copom, não da sociedade.

Já o “mercado” citado é composto majoritariamente por instituições que lucram com a Selic alta.

Portanto, tratar essas decisões como “técnicas” ou “neutras” é um equívoco. Elas têm forte viés de classe e não representam os interesses da população.

🔴 7. “Selic alta segura o excesso de demanda”

✅ Refutação:

O Brasil não vive um cenário de excesso de demanda. Pelo contrário:

  • O desemprego ainda é alto;
  • quando se considera o desemprego oculto pelo trabalho precário e pelo desalento, a taxa de desemprego mais que dobra (ver https://auditoriacidada.org.br/conteudo/as-mentiras-do-mercado-para-justificar-juros-altos/ )
  • A indústria opera com capacidade ociosa.

Portanto, o remédio da alta de juros não só é inadequado como contraproducente — ele asfixia o crescimento em nome de um risco inflacionário que nem sequer existe em termos de demanda.

🔴 8. “O crescimento será menor por causa dos juros, mas é o preço para controlar a inflação”

✅ Refutação:

Essa lógica é perversa e equivocada. Não se combate a inflação destruindo a economia.

A alta da Selic reduz investimentos, encarece o crédito, desestimula a produção e impede a geração de empregos.

Ou seja, o custo social da política do Banco Central é pago pela população — e não pelo mercado que se beneficia dela.

🚨 Conclusão: É hora de questionar a cobertura da mídia e os interesses por trás do Banco Central

A imprensa tradicional repete, sem crítica, os argumentos do Banco Central e do mercado financeiro, ignorando os efeitos sociais da Selic alta.

É hora de perguntar:

  • Quem ganha com juros nas alturas?
  • Quem define a meta de inflação?
  • Por que a dívida pública consome tanto dinheiro com juros?
  • Qual a legitimidade de uma dívida que cresceu devido a taxas de juros altamente questionáveis?

O modelo atual de política monetária não serve ao povo — serve ao rentismo.

Como defende a Auditoria Cidadã da Dívida, precisamos de transparência, controle social e uma nova política econômica que coloque os interesses da população acima dos ganhos do setor financeiro.

Mais detalhes neste artigo da ACD: https://auditoriacidada.org.br/conteudo/as-mentiras-do-mercado-para-justificar-juros-altos/

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