Vergonha no Congresso: um motim para defender Bolsonaro e a agressão de Trump ao Brasil

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Hugo Motta abriu a sessão plenária após um longo período de obstrução. Foto: Bruno Spada/Agência Câmara

A principal imagem da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (6) é emblemática: o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), espremido entre vários deputados da ultradireita, mal conseguindo se manter sentado na cadeira, após ter sido impedido por mais de 30 horas de assumir o comando do Plenário e iniciar os trabalhos legislativos após o recesso.

Desde terça-feira (5), um dia depois da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, os parlamentares bolsonaristas tomaram as mesas diretoras da Câmara e do Senado e se recusaram a deixar o local até que uma série de medidas absurdas fossem atendidas: a votação do projeto para garantir anistia a Bolsonaro e aos golpistas do 8 de janeiro; o fim do foro privilegiado; e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Vários analistas políticos afirmam que não se tratou do mecanismo de obstrução, permitido pelo regimento do Congresso, ou mesmo uma ocupação legítima. Trata-se de uma escalada autoritária que reeditou a lógica golpista do 8 de janeiro. O motim protagonizado pelos bolsonaristas expôs, mais uma vez, a disposição da extrema direita em proteger a qualquer custo Jair Bolsonaro, prestes a ser condenado no STF pela tentativa de golpe de Estado, tramada em seu governo.

Não bastasse o conluio com Donald Trump, presidente dos EUA, para impor ao Brasil sanções econômicas, o que já ameaça os empregos dos trabalhadores brasileiros, a extrema direita também quer transformar o Congresso em trincheira para salvar Bolsonaro e seus aliados.

Acordo mal explicado

O motim chegou ao fim após um dia inteiro de negociações a portas fechadas e sem nenhuma transparência, com informações contraditórias sobre o que foi acordado.

Deputados bolsonaristas afirmam que conseguiram apoio para pautar projetos como o da anistia e o fim do foro privilegiado, o que, se confirmado, representaria uma grave capitulação às ameaças golpistas e ao imperialismo. Já os líderes governistas negam qualquer acordo.

No entanto, a pauta do foro privilegiado teria, inclusive, apoio não só de bolsonaristas, mas de parlamentares do Centrão e até mesmo da base governista, principalmente em razão de processos em andamento no STF sobre irregularidades com emendas parlamentares.

Fato é que a pressão segue, e a extrema direita continua tentando pautar o país com chantagens, enquanto o governo Lula segue sem reagir com medidas concretas à ingerência imperialista no Brasil, buscando a todo custo uma negociação com o imperialismo, apesar da retórica da defesa da soberania nacional.

“Diante dessa ofensiva, é preciso uma resposta à altura. Como tem afirmado a CSP-Conlutas, só a luta organizada, com os trabalhadores nas ruas, pode barrar os ataques à soberania nacional e aos interesses do povo. Não vai ser com esse Congresso, com tantos picaretas, que isso vai ocorrer”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

“Essa luta precisa ser unitária, envolvendo todos os setores democráticos, mas com independência de governos e patrões. Os trabalhadores têm de tomar a frente desta luta. As direções do movimento precisam organizar a classe e mobilizar de fato. É urgente que a classe trabalhadora entre em cena para defender a soberania nacional, os empregos e direitos”, afirmou.

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