Violência contra fiscais escancara riscos enfrentados por servidores

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A ofensiva contra agentes do Ibama e da Polícia Civil de Goiás, na última sexta-feira (1º), durante operação de fiscalização na Terra Indígena Sararé (MT), revela mais uma vez o grau de vulnerabilidade a que estão submetidos servidores públicos que enfrentam os interesses de grupos criminosos que se opõem à fiscalização ambiental.

Agente do Ibama durante operação na terra indígena Sararé, na região de Pontes Lacerda (MT) – Divulgação – 1º.ago.2025/Ibama

Os servidores foram atacados por garimpeiros enquanto realizavam abordagens a veículos envolvidos em atividades ilegais de extração de ouro dentro da terra indígena. Durante a ação, uma caminhonete avançou contra os agentes, que reagiram. Um dos ocupantes foi baleado e levado de helicóptero para receber atendimento médico. Apesar da resposta dos servidores, o episódio expõe a escalada de tensão e violência promovida por grupos armados que resistem à presença do Estado em áreas protegidas.

A Terra Indígena Sararé, habitada por povos da etnia nambiquara, é uma das mais impactadas pelo garimpo ilegal no país. Estima-se que cerca de 2 mil hectares já tenham sido devastados. Na operação em curso, dez escavadeiras utilizadas pelos criminosos foram destruídas. A ação integra uma ofensiva mais ampla, articulada entre o Ibama, a Polícia Civil e outros órgãos públicos, e ainda não tem data para ser encerrada.

Desde 2023, o Ibama vem intensificando as ações de fiscalização, com mais de 300 escavadeiras apreendidas ou destruídas em todo o país. No entanto, a continuidade dessas operações enfrenta crescente resistência violenta dos invasores, como já registrado em outras regiões, como o rio Madeira (AM) e Humaitá, onde agentes foram alvos de rojões e emboscadas.

Os episódios recentes acendem um alerta para a urgência de políticas públicas que garantam proteção efetiva aos trabalhadores e trabalhadoras do serviço público que atuam na fiscalização ambiental, especialmente em regiões remotas e sob disputa do crime organizado. Também evidenciam a necessidade de investimentos em estrutura, realização de concursos públicos com número suficiente de vagas e fortalecimento institucional dos órgãos de controle ambiental, como o Ibama e a Funai.

Além disso, é fundamental que os servidores que atuam na linha de frente da fiscalização tenham direito a uma aposentadoria digna, nos moldes das carreiras policiais, com acesso a benefícios como seguro de vida, garantindo proteção às suas famílias diante de riscos reais, como já ocorreram em episódios passados.

Para o Sindsef-SP e a Ascema SP/PR, é fundamental denunciar essas situações e exigir do governo federal medidas concretas para garantir a segurança e as condições de trabalho dos servidores públicos. A defesa do meio ambiente e das terras indígenas passa, necessariamente, pela valorização de quem está na linha de frente dessa luta, muitas vezes sob risco de perder a própria vida.

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