8 de março – Ato em São Paulo reúne milhares e denuncia falta de investimentos no combate a violência machista

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O sábado, 8 de março, lembrava um dia de inverno: chuvoso e frio. Mesmo assim, desde as 9 horas da manhã mulheres, representando diferentes entidades sindicais, movimento populares e partidos políticos ocupavam o vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), para protestar no Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora.
Pouco a pouco a chuva foi perdendo força e um belo dia de sol se anunciava. Enquanto isso, mais mulheres chegavam à concentração carregando faixas, afinando os instrumentos e preparando cartazes com suas reivindicações. Idosas, jovens, crianças, negras e não negras denunciavam a violência machista, a falta de políticas públicas para as mulheres e os gastos com a copa do mundo. O fim do “bolsa estupro” também esteve na pauta de reivindicações da manifestação.

Camila Lisboa, falando pela CSP-Conlutas, resgatou as manifestações do ano passado, para destacar a importância desta celebração. “É um 8 de março todo especial, porque estamos aqui na avenida paulista onde aconteceram grandes manifestações em 2013, para marchar contra a repressão, contra as injustiças  da copa e contra a violência à mulher.”  E continuou: “Nós queremos direitos, não queremos mais dinheiro para copa, queremos dinheiro para educação, saúde, transporte, moradia e combate a violência”.

Outra ativista abordou a necessidade urgente de descriminalizar o aborto. “todo ano milhares de mulheres morrem na realização do aborto clandestino, por não ter um sistema de saúde que as contemplem. Em contrapartida o governo de Dilma, Alckimin e Hadad não cansam de investir verbas públicas nos mega eventos.” Criticou.

O combate à violência machista foi uma das principais bandeiras desta manifestação. Pesquisas mostram que diariamente 15 mulheres morrem assassinadas e a cada 5 minutos uma é espancada. Em 2012, mais de 50 mil casos de estupros foram registrados. Toda esta violência atinge principalmente as mulheres negras, que chegam a ser 60% das vitimas.

Palavras de ordem exigiam de Dilma mais investimentos para garantir a aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha, que apesar de ser um avanço, não atende as necessidades dessas mulheres.  “Ô, ô, ô Dilma eu quer ver Maria da Penha acontecer!”.

Com bom humor a mulherada denunciavam os gastos com a copa do mundo: “Essa Copa pra quem é/ Não é pra mulher, não é pra mulher!

Enquanto mais de 30 bilhões de reais saem dos cofres públicos para gastos com a Copa, o investimento nos programas de combate à violência contra as mulheres não passa dos 25 milhões de reais.

Ao priorizar os megaeventos e banqueiros, o governo ignora a dura realidade da mulher trabalhadora que sofre cotidianamente com a violência doméstica e sexual. Diante destes fatos, o movimento cobrou mais centros de referência, casas abrigo, delegacias de mulheres, juizados especializados e, principalmente, mais recursos.
Algumas manifestantes carregavam fotos das vitimas de violência doméstica, a ativista do MML e militante do PSTU, Sandra Fernandes e seu filho, mortos a facadas em fevereiro estavam entre as homenageadas.

Cerca de 5 mil mulheres trabalhadoras saíram em passeata pela Avenida Paulista, percorreram a Rua Consolação e encerraram a atividade na Praça Roosevelt.

Sindsef-SP na Luta contra o Machismo
Uma representação composta por mulheres e homens marcharam lado a lado carregando as bandeiras defendidas pelo Sindsef-SP. Bernadete Serafim, servidora aposentada do IPEN e diretora, chamou a atenção para a situação da mulher aposentada. “Elas também sofrem violência doméstica! Após anos contribuindo para cuidar da família, quando estão com uma idade mais avançada são consideradas por muitos como um peso e tradas como pessoas descartáveis”.

Beth Lima, servidora do MTE e delegada de base do sindicato, considera que organização das mulheres é determinante para combater a violência. “Não só precisamos denunciar essa violência como é necessário que as mulheres enfrentem esta situação de forma organizada, sabemos também que é importante que os homens se conscientizem e se somem as nossas fileiras para dar o combate ao machismo”.

Inês Santos, servidora do IPEN e dirigente do Sindsef, falou da opressão sofrida pelas mulheres negras no cotidiano e do aumento da participação feminina nas manifestações. “Para mulher negra a opressão é dobrada, somos oprimidas pela questão do gênero e também da raça. A gente tem que continuar lutando por mudanças, a participação das mulheres nas atividades que acontecem durante todo o mês em homenagem ao dia da mulher é muito importante. De junho para cá aumento muito a participação das mulheres nas manifestações, temos que continuar seguindo na luta, lugar de mulher é na luta!”

Isa Miranda, servidora do MTE e diretora do sindicato, falou da importância desta atividade de reivindicação. “As últimas comemorações têm voltado ao sentido original, sendo um dia de reivindicação e não de festa. Já que temos pouco para comemorar, pois nem mesmos os direitos constitucionais são garantidos para as mulheres: ainda ganhamos o menor salário, ainda somos vista e tradas como objeto sexual. Esta marcha vem para mostrar que a gente esta lutando e não aceita ser bibelô da sociedade”, concluiu.

Foto: Sergio Koei

Acesse o albun de fotos da manifestação.

 

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