Artigo: “Revogar o aumento é importante, mas o preço segue sendo muito caro”

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Uma vitória muito importante da onda de protestos que ocorre em todo o país foi conquistada nesta quarta-feira: a revogação do aumento da tarifa dos ônibus em São Paulo, no Rio e em várias outras cidades brasileiras. Sem dúvida uma vitória muito importante, mas que não esgota o processo de lutas em curso.

O aumento das tarifas de ônibus, longe de ser a causa única destes protestos, foi apenas a gota d’água que fez transbordar um mar de insatisfações da população brasileira. E a luta precisa continuar, para dar conta de todos os demais problemas que estão martirizando a vida dos trabalhadores e jovens do nosso país.

Há alguns destes problemas que se evidenciaram nestes dias de manifestações. Revogar o aumento é importante, mas o preço segue sendo muito caro. É preciso baixar o preço do transporte, implantar a tarifa social ou tarifa zero, afinal transporte é direito de todos e obrigação do estado, conforme diz a Constituição. Não pode ser um direito apenas dos que têm dinheiro para pagar (na cidade de São Paulo, 34% dos deslocamentos são feitos a pé ou de bicicleta, porque as pessoas não têm dinheiro para pagar ônibus).

Outro questionamento que segue sem resposta é: porque tanto dinheiro para a Copa, se os governos dizem que não tem recursos para melhorar a saúde e a educação? Particularmente nestes dias de Copa das Confederações, mas também até a Copa do Mundo do ano que vem, temos de seguir nas ruas, cobrando nossos governantes acerca desta questão.

A luta contra a corrupção e a impunidade é outro tema importante. Neste sentido foi muito bom ver nas manifestações cartazes contra a PEC 37, que quer ampliar a impunidade dos políticos corruptos. Ou mesmo a bandeira contra a repressão e a criminalização dos movimentos sociais.

 

As bandeiras da classe trabalhadora e seus métodos e luta

Outra coisa muito importante, na continuidade deste processo, é estimular que a nossa classe participe dela de forma cada vez mais organizada. Na quarta, no Rio Grande do Sul, em uma reunião convocada por iniciativa do CPERS, foi criado um comitê de sindicatos e movimentos sociais para organizar a luta. Já tem manifestação convocada para quinta e sexta-feira. Exemplos assim, temos de reproduzir em todo o país.

Para isso, vai ser fundamental agregar às bandeiras que têm sido levantadas nas manifestações, as reivindicações relativas às demandas mais sentidas da classe trabalhadora. Aumento dos salários, congelamento dos preços dos alimentos e das tarifas, fim do fator previdenciário, anulação da reforma da previdência de 2003, contra o projeto de lei da tercerização (PL 4330), contra as privatizações, pagamento do piso nacional dos professores, investimentos na saúde, educação, moradia, saneamento básico, e um longo etcetera. Na verdade as demandas dos dive rsos setores da nossa classe apontam para a necessidade de outro modelo econômico para o país.

É preciso que todas as organizações da classe trabalhadora assumam este desafio e esta tarefa. A CSP-Conlutas está participando do processo e está buscando mobilizar suas bases neste sentido. As grandes centrais sindicais deveriam, na verdade, convocar uma greve geral neste momento. A necessidade neste momento é que todos estejam na luta. Nada menos que isso é aceitável para qualquer organização da classe trabalhadora.

Neste mesmo sentido é importante reforçar o chamado a que todos venham para a luta. Se os trabalhadores entram nesta batalha, de forma organizada, não só participando das mobilizações de rua, mas também com seus métodos de luta tradicionais (greves, paralisações, ocupações), teremos muito mais força para conquistarmos nossas demandas. Mas outro aspecto fundamental aqui é que isso é decisivo para asse gurar a esta onda de protestos um caráter classista, fechando espaços para a utilização que a direita possa fazer deste processo.

Já vimos em nossa história o apelo contra a corrupção ser utilizado pela direita para manipular o povo e fortalecer seus projetos (lembremos o que foi o fenômeno Janio Quadros). É preciso levantar bem alto a bandeira contra a corrupção, pois ela é generalizada, seja nos governos do PSDB, do PMDB e, lamentavelmente, mesmo nos governos do PT. Mas é preciso dar a esta bandeira um viés de classe, agregando a ela as bandeiras e demandas da classe trabalhadora contra a exploração capitalista.

É preciso dar um caráter de classe às lutas que estão em curso. Massificá-las ainda mais com a entrada da classe de forma organizada nestes protestos. E agregar às demandas atuais as reivindicações dos trabalhadores que apontem para outro modelo econômico em nosso país. Vamos à luta!

 


José Maria de Almeida
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

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