Carta aberta dos trabalhadores da GM à presidente Dilma

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Presidenta: Seu governo precisa impedir as demissões na GM

A senhora com certeza está acompanhando o conflito em torno à ameaça de demissões na General Motors, em São José dos Campos. Até já se pronunciou sobre o assunto. No entanto, todo o esforço feito até agora para evitar as demissões, inclusive por autoridades do seu governo, corre o risco de ter sido em vão depois das declarações desastradas e desastrosas do Ministro da Fazenda, Guido Mantega.Desastradas, porque as declarações se baseiam em informações falsas. Não é verdade que a GM contratou mais do que demitiu desde que está recebendo incentivos fiscais do governo. Dados do próprio Ministério do Trabalho mostram que já há saldo negativo de cerca de 1.200 postos de trabalho. Se as demissões anunciadas se consumarem, isso totalizaria mais de 3.000 postos de trabalho fechados apenas em uma indústria. Sem contar os efeitos na economia de conjunto. Usando metodologia do BNDES, concluímos que a cada posto de trabalho fechado numa montadora , sete postos de trabalho são fechados em toda a cadeia.

Desastrosas, porque as declarações do ministro foram entendidas pela GM como uma autorização para demitir. Ainda ontem, dia seguinte às declarações do ministro Mantega, a empresa já começou a desativação da produção no MVA. 

É inaceitável que dois mil pais e mães de família, que correm o risco de serem demitidos, sejam tratados pelo Ministro como números frios de uma estatística. Como uma autoridade pode afirmar que “não tem problema demitir em São José, se abrir vagas em outro lugar”? O ministro virá aqui explicar para cada uma dessas famílias que não há problema nenhum na demissão do (a) chefe da família?

O pior de tudo é que as declarações do ministro se referem a uma fábrica que, de acordo com as informações de seus próprios representantes, em reunião com o Sindicato e o Ministério do Trabalho, “não está em crise e vive um momento de cre scimento das suas vendas”. Ou seja, os motivos da GM são pura e simples ganância. Quer um lucro ainda maior do que já tem, sacrificando a fonte de sustento de quase 2 mil famílias.

Nós estamos enviando esta carta à senhora porque, em nossa opinião, o governo tem a obrigação de intervir nesta situação e impedir a empresa de demitir. Dizemos isso, presidenta, porque achamos que não é possível, muito menos aceitável, que o governo possa intervir na situação, para destinar recursos públicos para as empresas; mas diga que não pode intervir para garantir o emprego. 

O seu governo sabe que nós não somos a favor da destinação de recursos públicos para as empresas, pois achamos que estes recursos fazem falta para a saúde, educação, moradia, serviços públicos, etc. Mas, se o governo entendeu e fez diferente, maior ainda é a obrigação do governo de intervir para garantir o emprego.

Aguardamos um pronunciamento da senhor a neste sentido, presidenta Dilma. E continuamos insistindo no pedido de uma audiência, diretamente com a senhora, para apresentarmos nossas razões e as propostas do Sindicato dos Metalúrgicos e da CSP-Conlutas para evitar as demissões.

O Sindicato reafirma, por outro lado, a sua plena disposição para que se estabeleça um processo de negociação que evite as demissões dos trabalhadores. E, sobretudo, que não arredaremos pé da defesa de cada um dos empregos dos trabalhadores da GM em São José dos Campos.

São José dos Campos, 2 de agosto de 2012

Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região

CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular

 

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