Cinemateca em transe

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O desmonte pelo qual passa a Cinemateca Brasileira foi alvo de protesto no último dia 14/09, no Largo Senador Raul Cardoso, Vila Mariana. Convocado pela Associação Brasileira de Documentaristas, o ato reuniu cineastas, estudantes e funcionários para pedir a reestruturação do órgão.

Em janeiro deste ano, o governo cortou repasses de verbas e suspendeu contratos, o que resultou na redução do quadro de funcionários em mais de 50%. De um total de 124 trabalhadores, restaram apenas 22 servidores públicos e 33 terceirizados, a maioria contratada como pessoa jurídica.

Tudo começou com a descoberta de indícios de irregularidades em repasses feitos pelo Ministério da Cultura à Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC). A entidade é uma oscip, organização da sociedade civil de interesse público. De acordo com relatório da Corregedoria Geral da União (CGU), a SAC recebeu mais de R$ 100 milhões na gestão de Juca Ferreira no MinC e há inconsistências na prestação de contas do uso desse dinheiro.

Segundo reportagem da revista Época, mesmo após a apresentação do relatório da CGU, foi autorizado novo repasse à SAC no valor de R$ 6 milhões em 2011. Isso ocorreu na gestão de Ana de Hollanda e a transferência de recursos foi autorizada pela Secretaria do Audiovisual, à qual a Cinemateca é vinculada desde 2003.

Marta Suplicy, ao assumir o ministério, tomou conhecimento do relatório e mandou demitir o diretor da Cinemateca, Carlos Magalhães, em janeiro deste ano. Especula-se também sobre possíveis disputas políticas internas na pasta como motivo da demissão. Fato é que o governo não tomou nenhuma providência para garantir a continuidade de projetos que estavam em andamento.

Ao mesmo tempo em que trata com descaso a Cinemateca Brasileira – uma das melhores instituições do gênero no mundo –, Marta se encanta com o Museu do Filme da China: “Que experiência extraordinária! O povo chinês está de parabéns por esta conquista na preservação da história da arte do cinema”, declarou, conforme matéria reproduzida no site do MinC.

Em manifesto divulgado durante o ato, os trabalhadores da Cinemateca afirmam que “os cortes de custeio e investimentos, feitos pela SAv/MinC, que ocasionaram os desligamentos de equipes, atingem diretamente o atendimento ao público e o cumprimento da missão institucional da Cinemateca”. Eles cobram providências do governo para manter a instituição como “referência no campo do audiovisual mundial”.

Pressionada, a Secretaria do Audiovisual afirma que fará um concurso, coisa que nunca aconteceu desde que a Cinemateca se tornou órgão federal, em 1984. Além disso, é preciso criar uma estrutura de cargos adequada a um trabalho altamente especializado, que envolve conservação do acervo, produção de cópias digitais e em película, pesquisa, entre outras atividades.

A Cinemateca é responsável pela preservação e divulgação do cinema nacional. Possui o maior acervo de filmes da América Latina. Tem, assim, papel importantíssimo na proteção do patrimônio cultural do povo brasileiro. Se não houver mobilização popular em sua defesa, caminha para se tornar mais um órgão sucateado pelo governo federal.

 

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