Nos dias 26 e 27 de novembro a CSP-Conlutas reuniu dirigentes e delegados sindicais, cipeiros, integrantes de comissões de fábricas e pessoas da base de seus respectivos sindicatos em um Seminário Nacional de Organização de Base. A atividade contou com representação de vários estados. O Sindsef-SP participou com uma delegação de dez pessoas.
O seminário realizado em São Paulo foi o primeiro passo para fortalecer a construção do trabalho de base nos locais de trabalho, tema do I Congresso da Central. Na saudação Luis Carlos Prates, o Mancha, falou das expectativas do evento “Não basta conquistar aumento de salário, não basta fazer a denúncia politica contra o governo durante as campanhas salariais, não basta denunciar as direções traidoras. Mas do que isso, é preciso organizar os trabalhadores dentro de uma perspectiva de independência em relação ao governo e aos patrões”, com estas palavras Mancha saudou os participantes do seminário, em nome da Secretaria Executiva Nacional da Central.
A mesa de debate contou com a participação de Zé Maria de Almeida, membro do da Executiva Nacional da Central; Patrícia Tróppia, pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia e Vito Giannotti, coordenador do curso do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação).
Zé Maria abordou de uma maneira global a necessidade da organização de base para a luta dos trabalhadores. Segundo ele, a atuação do sindicato deve superar a luta econômica, desenvolvendo a luta política pelo efetivo fim da exploração capitalista. “A luta restritamente econômica apenas regula a exploração sobre o trabalhador, por isso é necessário superar este patamar”, disse.
Ele, ainda, defendeu a ampla participação do trabalhador nas decisões do Sindicato, para que se democratize as entidades, dificultando assim o processo de burocratização dos dirigentes.
Patrícia se deteve a uma análise dos intuitos do controle da organização sindical dos trabalhadores, por meio da regulação dos sindicatos. Resgatou que a estrutura sindical, instituída por Getúlio Vargas, é totalmente organizada para atrelar a entidade ao governo e aos patrões. “Um dos efeitos perversos dessa política é imprimir a burocratização dos sindicatos”. Um exemplo mencionado é o imposto sindical que garante a sustentação financeira da entidade sem a efetiva contribuição do trabalhador.
A fala de Vitor Giannotti foi uma atração à parte. De forma descontraída ele deu exemplos do distanciamento da entidade da sua base. É preciso ouvir a base, lembrou. Vitor chamou a década de 2000 de Década da Dispersão. Hoje existem 11 centrais sindicais, que apostam na dispersão dos trabalhadores.
Segundo Vitor, o que diferencia um sindicato é o fato de ser classista, se tem organização de base, democracia operária e autonomia dos trabalhadores. Os sindicatos devem preparar os trabalhadores na sua organização e lutas, para isso é preciso investir na formação de novos ativistas.
A troca de experiências entre as entidades foi outro ponto importante do seminário. Vários sindicatos e Oposições relataram como vêm realizando o trabalho de base na sua categoria.
No final do primeiro dia, o palestino e coordenador do movimento Stop the Wall, Jamal Juma, fez uma saudação aos participantes do seminário. Jamal denunciou a construção do muro de 9 metros de altura e 800 km, com 1,400 km de extensão, que separa a população palestina. Desde que começou a contrução deste muro, em 2002, começou uma resitência popular em muitos vilarejos.
Juma lembrou que a campanha mundial contribuiu para a luta que derrubou o apartheid na Africa do Sul. O palestino também pediu a participação na campanha de boicote organizado para isolar econômicamente Israel. “Israel é um Estado criminoso, por isso viemos pedir solidariedade porque vocês sabem o que é a luta contra a ditadura e contra a opressão”, ressaltou ele.