Filme Emily está em cartaz no CCSP

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EMILY (idem)

Reino Unido/EUA – 2022 – 130 minutos

Centro Cultural São Paulo/CCSP
Sala Paulo Emilio
Dias 16, 17, 18, 19, 21 e 22 sempre às 19h10
Preços: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia)

Am I spellbound? Ou terei tomado como alguns personagens o “elixir of opium”? Mal começou o ano e eis este filme epifânico que me arrebatou, deixando-me num estado de plenitude e transbordamento absolutos! Passado apenas 1/3 do filme, já não aguentava mais tanta beleza e emoção! Para exaurir toda a riqueza da obra necessitaria de umas 5 páginas e de uma memória bem mais eficiente.

Em filme biográfico, lembro apenas de “Total Eclipse” (1995), de Agnieszka Holland (sobre Rimbaud e Verlaine) com essa mesma intensa dosagem de passionalidade. A partir de alguns dados de fato biográficos, esta primeira realização da atriz Frances O’Connor permite-se ficcionalizar a vida da escritora britânica Emily Brontë (1818/1848), renomada autora de “O Morro dos Ventos Uivantes” (Wuthering Heights).

Seria a palavra “charneca” tão conhecida não fosse esse livro? Se os fatos nem sempre têm base na realidade, o filme é absolutamente fiel ao espírito ardoroso da obra literária. Como proclamava John Ford “imprima-se a lenda”. Aliás é evidente que o filme procura “justificar” a atmosfera transgressiva do romance, ainda mais escrito por uma mulher naquele tempo e espaço. 

Há pontos em comum com “Les Soeurs Brontë”, de André Téchiné, que apesar do quilate das atrizes (Huppert, Adjani, Pisier), não resultou tão bem-sucedido.

Filha do rígido pastor viúvo Patrick (Adrian Dunbar), Emily sentia-se um pária na família, tendo afinidades somente com o irmão Branwell (Fionn Whitehead), ele também um rebelde desajustado. Em sua breve vida (faleceu aos 30 anos) tinha mais rivalidades e conflitos do que efetivo entrosamento com as irmãs Charlotte (Alexandra Dowling) e Anne (Amelia Gething), que se tornaram depois também escritoras de prestígio. Teria vivido uma paixão avassaladora com o pastor William Weightman (Oliver Jackson Cohen). Esse é um dos pontos altos do filme, pois a cineasta é exímia em criar e transmitir a tensão sexual e a voragem afetiva dos amantes.

A belíssima e envolvente trilha sonora do conhecido compositor polonês Abel Korzeniowski potencializa esse clima impetuoso. Não tenho nenhum pudor em admitir meu total apreço por um filme de feitura acadêmica, porém, eficiente e talentoso em seus propósitos.

Há cenas brilhantes como a chegada de uma frívola amiga, em que os sentimentos são expressos apenas pelas fisionomias ou a excepcional sequência do jogo com a máscara. É fundamental a telúrica integração dos irmãos parceiros com a natureza.

Também os diálogos (roteiro da diretora) são argutos e espirituosos. A bonita fotografia de Nanu Segal e a correta montagem de Sam Snead são adequadas aliadas da “mise-en-scène”. Seria injusto não ressaltar a beleza dos apropriados figurinos. Confesso que, no primeiro close da protagonista, fiquei um tanto receoso, pois, dado o temperamento forte da personagem, esperava um rosto não tão belo e “more severe”. Puro equivoco: a atriz Emma Mackey cativou-me inteiramente com seu amálgama de expressões e nuances.

Depois desta minha sempre subjetiva apreciação, é ainda preciso exortar a que assistam?

Luiz Gonzaga Fernandes

IMPORTANTE:

Esta semana (entre quinta-feira e sábado) a OSESP executará na Sala São Paulo a belíssima composição do músico erudito norte-americano contemporâneo Charles Ives THE UNANSWERED QUESTION. Memorável!

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