Governo investe 26 centavos por mulher para combater a violência e 11 mil reais para comprar uma cadeira padrão Fifa

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A 3ª Oficina de Debates do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), realizada no dia 27/03, teve como destaque o questionamento em relação à falta de investimento do governo em políticas públicas para as mulheres em detrimento aos altos gastos com a Copa do Mundo.

Com os temas “Em defesa da saúde da mulher” e “Basta de violência contra a mulher”, o evento foi organizado pelo Sindsef-SP,  em parceria com a Associação dos Servidores do Ipen (Assipen) e com apoio do Instituto Latinoamericano de Estudos Sócio-econômicos (Ilaese), em referência ao Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

Inês Santos e Claudete Braghini, diretoras do Sindsef-SP e da Assipen, respectivamente, compuseram a mesa do evento e resgataram o sentido do dia 8 de março: lembrar a história e dar continuidade à luta das mulheres.

As entidades prestaram uma homenagem à companheira Sandra, professora em Recife e militante do Movimento Mulheres em Luta (MML) que recentemente foi assassinada, junto ao filho de 10 anos, pelo seu companheiro. Também foi destacado o caso de Cláudia, moradora da periferia, negra, trabalhadora terceirizada, que foi brutalmente assassinada pela PM no Rio de Janeiro.

Violência

Para fomentar o debate sobre a violência contra a mulher, foi chamada Eliana Penha, professora que compõe a Secretaria Executiva Estadual do MML e o Ilaese.  

Eliana apontou dados levantados pela Organização das Nações Unidas sobre as taxas de desemprego das mulheres, as desigualdades salariais, a exposição à pobreza etc.. Segundo a ONU, os homens recebem, em média, 30% a mais que as mulheres brancas. Comparando os salários com das negras, eles recebem 50% a mais.

No Brasil, a cada 4min uma mulher é agredida e a cada 1h30min uma mulher é assassinada, ou seja, 360 mulheres são agredidas e 10 são mortas todos os dias. O país é o 7º que mais mata mulheres entre os 84 países que compõem o ranking da Organização Mundial de Saúde.

Entre os dados mais alarmantes também estão os casos de estupros. Até 2012, verificou-se uma média de 6 por hora. Para agravar a situação, a Lei Maria da Penha não protege as mulheres nesse tipo de brutalidade, mas apenas se atém a violência doméstica.

De acordo com o Ilaese, além de a Lei mencionada ser limitada, não funciona porque não tem investimento. “Ironicamente, o governo de uma mulher não investe em políticas públicas para as mulheres”, disse Eliana referindo-se à verba irrisória destinada ao Programa Mulher: Viver Sem Violência, do governo Dilma.

Copa pra quem?

Por outro lado, quando se analisa os gastos com a Copa do Mundo nota-se o contrário. Calcula-se que até agora foram gastos 22,2 bilhões e a previsão é que chegue a 33. Enquanto o governo paga mais de 11 mil reais para comprar uma cadeira padrão Fifa, investe somente 26 centavos por brasileira para combater a violência machista.

 “O que uma cadeira vai trazer de benefício para alguém aqui? Alguém entre nós vai assistir o jogo no estádio novo?”, questionou a Eliana.

A palestra do Ilaese terminou com a reflexão de que uma vida completamente livre da violência e do machismo só é possível numa sociedade diferente, onde não haja divisão entre exploradores e explorados.

Saúde

Fernanda Senna, especialista em saúde da família e membro do Fórum Popular de Saúde, resgatou a história da saúde pública no Brasil e importância da participação popular na sua defesa. Além disso, explicou os programas de prevenção ao câncer e refletiu que discutir saúde não é só ter acesso ao posto, mas também combater a violência contra a mulher em suas várias formas e condições de vida.

A palestrante destacou a importância da criação do SUS, em 1990, quando o serviço, que era restrito aos trabalhadores com carteira assinada, passou a ser estendido para toda a população, inclusive imigrante.

Antes do SUS, a maior parte do mercado de trabalho era composta por homens, portanto, as mulheres e crianças ficavam de fora do atendimento, que acabava sendo feito ou pelo serviço particular ou nas Santas Casas a um custo menor.

Hoje, apesar dos quase 25 anos da criação do sistema, o Brasil ainda tem um índice de mortalidade materna e infantil muito elevado, que contrasta com o tão falado desenvolvimento econômico do país. O serviço, que se propõe a ser universal, não tem investimento e valorização suficientes para atender a todos.

“Morrem muitas crianças e mulheres de causas que poderiam ser evitadas. Entre os sobreviventes, 70% poderiam não ter sequelas se tivessem assistência médica adequada”, disse Fernanda.

Diferente de como vem sendo tratada a saúde da mulher, esse tema não diz respeito apenas à reprodução. Também está previsto no serviço de saúde a assistência ao pré-natal, incentivo ao parto natural e a diminuição das cesáreas (pelo fim da violência obstétrica), redução da mortalidade materna, o enfrentamento a violência contra a mulher, o planejamento familiar (que não significa fazer laqueadura, mas sim garantir o direito de escolha das pessoas quanto a ter filho etc), assistência ao climatério (menopausa) e a assistência a mulher negra e LGBT.  

“Existem questões que não são resolvidas nos postos de saúde. Existem outros espaços para que a gente lute por direitos à saúde, em defesa da saúde gratuita, de qualidade e que seja executada pelo poder público e não pela iniciativa privada”, finalizou.

 

O debate contou com a presença de servidoras e servidores do órgão e de muitas trabalhadoras terceirizadas, que expuseram experiências, fizeram perguntas e comentários sobre os temas. 

 

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