Crítica: HOLY SPIDER (Aranha Sagrada)

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HOLY SPIDER

(Aranha Sagrada)

Dinamarca/Suécia/Alemanha/França – 2022 – 117 minutos

Em cartaz nos cinemas: CineSesc – Domingo às 20h30 / segunda e terça-feira às 18h; Belas Artes – Diariamente, às 20h50; Frei Caneca – Diariamente, sala 5, às 15h40; Itaú Augusta – Diariamente, sala 3, às 14h

Entre 2000 e 2001, no Irã, um “serial-killer” matou 16 mulheres, todas prostitutas. Convidava-as para um programa em sua moto e depois de cada assassinato (cometido em sua casa, às quintas-feiras, quando mulher e filhos iam para a casa de seus sogros!) alertava por telefone o local onde depusera a vítima. Agia dessa forma, pois sentia-se um emissário de Deus para limpar o mundo (mais particularmente a cidade sagrada de Mashad) dessas pecadoras profissionais do sexo.

A partir desse “fait-divers” o cineasta iraniano Ali (“Border”) Abbasi, residente há cerca de 20 anos na Dinamarca, desenvolveu juntamente com Afshin Kamran Bahrami e a supervisão histórica de Jonas Wagner, um roteiro em que a persistente jornalista Rahimi (Zar Amir Ebrahimi, prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes de 2022) chega ao local para acompanhar as investigações e publicar suas matérias.

Ainda que o fato de a história se passar no Irã (obviamente filmada em outra região, no caso a Jordânia) seja um diferencial nada desprezível, os 2/3 iniciais seguem a cartilha de um “film noir/thriller”.

Realizada com competência e uma boa montagem de sequências paralelas (Olivia Neergaard-Holm) a realização, todavia, não chega a ser cativante. No terço final, no entanto, quando o filme registra o apoio da sociedade ao criminoso Saeed (Mehdi Bajestani), a obra cresce enormemente.

Há que se reconhecer também que durante o filme todo há uma constante e louvável denúncia da posição submissa das mulheres iranianas e das violências perpetradas contra elas. Mais uma vez e sempre em todos os lugares, a figura do malfeitor é a do amoroso esposo e pai de família (como muitos dos torturadores que agiram por aqui).

Há algumas sequências notáveis como a de Saeed, seguindo por uma avenida após mais um de seus crimes em direção à uma cidade vista ao longe e repleta de luzes (metáfora perfeita); as mãos que sufocaram as mulheres indefesas, buscando redenção na água da chuva dentro da cela; a significativa posição intra-uterina do assassino, quando descoberto.

Sem spoiler, a terrível cena final com as declarações do filho adolescente de Saeed e muito mais ainda a submissão inocente da irmãzinha.

Embora a imprensa tenha elogiado o prêmio de interpretação em Cannes, eu particularmente, achei a composição apenas boa e correta, não mais que isso (para mim, portanto, uma láurea “politicamente correta”).

O filme participou do Festival do Rio do ano passado. As estrelas atribuídas ao filme pelas revistas especializadas foram 4 para a Positif, 2 para Les Inrockuptibles e 1 para os Cahiers du Cinéma.

Infelizmente, minha memória não registrou com precisão uma fundamental frase, que serve de epígrafe ao filme e que é atribuída a algum “Sermão” (?), mas que, na essência, diz mais ou menos o seguinte:

“TODO HOMEM UM DIA ENCONTRARÁ AQUILO QUE MAIS TEME”.

Luiz Gonzaga Fernandes

Imagem: Cena do filme

Trailer

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