Marcha da periferia pede o fim do genocidio da juventude negra

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O Dia da Consciência Negra, 20/11, levou centenas de pessoas ao Largo do Pirapora, na Zona Sul da capital paulista, para dizer em alto e bom som que “Pelos Amarildos e Douglas, da copa eu abro mão!”.

Este foi o tema da 3ª edição de Marcha da Periferia, que percorreu as ruas do bairro do Piraporinha até o Sacolão das Artes, parando em frente ao cemitério Jardim São Luiz, onde os manifestantes saudaram os jovens negros assassinados pela polícia militar.

Ainda na concentração, os ativistas foram espalhando suas faixas, bandeiras, afinando os instrumentos e ensaiando as palavras de ordens que animaram a caminhada.  A atividade foi organizada pelo Quilombo Raça e Classe, CSP-Conlutas, Movimento Mulheres em Luta, Família Rap Nacional, Ocupação Mauá, Mães de Maio, Coletivo de Artistas Socialistas, Luta Popular, entre outros. Uma delegação do Sindsef-SP ajudou a fortalecer o evento.

Antes de saírem em passeata, representantes das entidades denunciaram o genocídio da juventude negra e a investida violenta dos policiais nas comunidades, cobraram serviços públicos de qualidade e criticaram a redução de linhas de ônibus que ligam a periferia a outros bairros.

A diretora da Secretaria Contra a Opressão do Sindsef-SP, Brisa Batista, falou sobre a importância das cotas raciais para ingresso no serviço público, assim como nas universidades, e a necessidade urgente de desconstruir o discurso da meritocracia. O projeto de lei que destina 20% das vagas nos concursos públicos do executivo federal para negros e pardos tem sido muito atacado pelos conservadores.

Mas o que é meritocracia? A palavra vem do latim mereo que significa obter, merecer. Pode ser definida como forma de atuação baseada no merecimento. Este é o X da questão.

O critério da meritocracia desconsidera a desigualdade histórica existente entre negros e brancos. E convenciona que as oportunidades são iguais para todos, que se um negro não chegou a uma universidade pública (por exemplo), é porque simplesmente não se esforçou o bastante. É preciso combater este pensamento e cobrar dos governantes políticas eficazes de reparações.

“Em cada morro uma história diferente e a polícia mata gente inocente…”
Este ano a Marcha da periferia proporcionou uma experiência diferente.  No trajeto até o Sacolão das Artes os ativistas distribuíram panfletos e conversaram com moradores. Era visível que [os moradores] se identificavam com as palavras de ordens cantadas pelos participantes. As janelas, portões e lajes foram tomados pela população em apoio ao protesto. Alguns, inclusive, se incorporaram na caminhada.

Em frente ao cemitério Jardim São Luiz, alguns jovens deitaram no asfalto quente e tiveram o corpo contornado por giz, simbolizando os milhares de negros assassinados por policiais ou que perderam a juventude para a criminalidade.  Também foram saudados Zumbi, Dandara, Carolina de Jesus, Amarildo, Douglas e tantos outros.

Sob um sol escaldante e implacável, os participantes seguiram até o Sacolão das Artes onde encerraram o ato político e deram inicio as atividades culturais previstas. Para repor as energias uma deliciosa feijoada foi servida.

 

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