Crítica: filme Noites de Paris

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NOITES DE PARIS

(Les Passagers de la Nuit)

França – 2021 – 116 minutos

Exibição: de 20 a 25 de janeiro, às 20 horas, na sala Paulo Emilio do Centro Cultural São Paulo (CCSP). Valores: R$4,00 (inteira) e R$2,00 (meia). Também está em cartaz em outros cinemas.

A jovem e desprotegida Talulah (Noée Abita) chega à Paris, escapando da família, na noite de 11 de maio de 1981, quando em alvoroço a cidade comemora a vitória do presidente eleito pelo Partido Socialista, François Mitterrand. 

Em 1984, abandonada pelo marido que a trocou por uma mulher mais jovem, Elisabeth (Charlotte Gainsbourg, esbanjando talento e doçura) encontra-se numa situação difícil para levar adiante a vida com seus jovens filhos Mathias (Quito Rayon Richter) e Judith (Megan Northam).

Sem nunca ter trabalhado na vida, consegue um emprego como uma telefonista que filtra as chamadas de ouvintes que querem participar do programa de rádio noturno (que avança pela madrugada), comandado por Vanda (Emmanuelle Béart). É dessa forma que conhece a indefesa Talulah (nome certamente inspirado na atriz Tallulah Bankread, que viveu entre 1902 e 1968).

Condoída, Elisabeth lhe oferece abrigo por uns tempos em seu apartamento num quartinho extra. Com roteiro seu, juntamente com Maud Ameline e Mariette Désert, o cineasta Mikhaël Hers (do sensível “Amanda”) tece um comovente filme sobre os “petits riens”, como bem observou a imprensa francesa, registrando a década de 80 até 1988.

Nesse espaço de tempo, Elisabeth encontrará um parceiro amoroso em Hugo (Thibault Vinçon), mais jovem do que ela; Mathias viverá um difícil “premier amour” e Judith adquirirá sua autonomia.

Todos, porém, ficarão indelevelmente marcados por Talulah, uma das “passageiras da noite”. Numa sequência, os 3 jovens acabam “acidentalmente” assistindo a “Les Nuits de la Pleine Lune” (1984), de Eric Rohmer e Talulah encanta-se com a atriz Pascale Ogier (Copa Volpi em Veneza e César póstumo de atriz), morta precocemente aos 26 anos.

Questionada posteriormente por não ter demonstrado inicialmente muito entusiasmo com a obra, a personagem justifica-se: “Às vezes a gente demora para gostar de um filme.” A fotografia de Sébastien Buchmann faz belos registros da “cidade-luz” à noite.

A trilha sonora aos cuidados de Anton Sanko colabora para envolver o espectador e inclui um dos grandes sucessos da “chanson française” da época com “Et si tu n’existais pas”, de Joe Dassin.

Assim como a voz de Charlotte, também o filme é um sussurro sobre a vida e os afetos das pessoas comuns, ou seja, nós.

O filme fez parte da competição oficial do Festival de Berlim.  A revista especializada Les Inrockuptibles outorgou 5 estrelas ao filme, a Positif, 4 e os Cahiers du Cinéma, 2. Uma tocante realização doce-amarga!

Por Luiz Gonzaga Fernandes

Imagem: Cena do filme – Direção de Fotografia: Sébastien Buchmann – Afc

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