O COLETIVO precisa sair da U.T.I.

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Grosso modo, a política é dividida “didaticamente” em esquerda, centro e direita. Não é a melhor metodologia de compreensão da realidade, pois “cabresta” o indivíduo a um quadrante do pensamento. Porém, para efeito da discussão que se pretende estabelecer, essa ideia já basta.

Não perderei o tempo de vocês com a caracterização de cada qual, ainda mais nesses tempos voláteis em que a velocidade e o volume da informação valem mais do que a veracidade de seu conteúdo. Ater-me-ei, sem querer debochar da linguagem dos “cultos”, a um desses campos, o da direita, com mais ênfase a sua vertente extremista.

Parece-me que uma das conquistas desse espectro político pró-Capital nesses 4 últimos anos foi o sistemático e significativo enfraquecimento do método de mediações institucionais. Pretendia o eliminar integralmente, para inviabilizar o diálogo, alcançando com isso adesão absoluta e acrítica do maior número de pessoas (as massas) ao seu pensamento centralizado e monocromático (verde-oliva) ou, para alguns, dicromático (verde-amarelo). Fracassou. Mas o parcialmente levado a efeito foi o suficiente para criar esse ambiente de eliminação do outro como única alternativa e solução para os problemas aparentemente sem respostas. E isso não se limita às tradicionais organizações estatais; o objetivo também e continua sendo, com esse proceder, atingir com profundidade as organizações de classe, como partidos, sindicatos, conselhos, ONGs etc., o que logrou de certa forma êxito.

O governo Temer, com sua reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), preparou o terreno para esse estado e situação de coisas, quebrando um dos principais pilares do método de mediações institucionais com a ideia da prevalência do negociado sobre o legislado e, portanto, do decidido coletivamente. A inexistência de paridade de armas entre a patronal e o proletariado, em prejuízo a este, já era evidente; desde então, piorou, e muito! Poucos perceberam essa manobra ou fingiram esse ataque não ver em nome do que poderíamos chamar de “progresso patriótico”.

Certamente, os próximos passos dessa “intentona” seriam o enfraquecimento do parlamento, incluindo-se os órgãos de controle social direto ou indireto, bem como a substituição do Judiciário civil por tribunais militares e, ainda, o estabelecimento de um Ministério Público, dominus litis da persecutio criminis edefensor institucional da sociedade, alinhado à política militarista (entre tantas e outras medidas, como, por exemplo, a política de alteração infralegal da composição de órgãos governamentais representativos de classe).

O que puderam destruir em termos de mediações institucionais, destruíram. O individual foi supervalorizado nesse projeto de poder. O resultado é esse que, tristemente, somos obrigados a vivenciar: descontrolados buscando “resolver a parada sozinhos”. Aliás, a concepção de meritocracia e empreendedorismo tem muito a ver com isso!

Obviamente, as mediações institucionais que atualmente temos não são perfeitas, muito menos acabadas. Merecem críticas, inclusive contundentes. Todavia, a adoção de uma política simples e simplória de eliminação delas, além de se mostrar um equívoco programático, dá sinais claros e contundentes de pouca efetividade social no presente estágio de desenvolvimento social brasileiro.

A concepção de COLETIVO, de gênese crítica, precisa ser necessariamente restabelecida não só como uma das melhores práticas que alcançamos sob a perspectiva de liberdades democráticas e, portanto, de avanço civilizatório, como também de piso elementar e patamar mínimo de como proceder socialmente.

Alexandre Schnur Gabriel Ferreira

Imagem de rawpixel.com no Freepik

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