De 18 de março a 29 de maio de 1871, a França foi palco da Comuna de Paris, primeira experiência da classe operária que toma o poder da burguesia, no sentido de emancipação do trabalho e, portanto, da superação do capitalismo. A história vivida nesses 72 dias é retratada pelo filme La Commune (Paris, 1871), dirigido por Peter Watkins e lançado em 2000. A produção, com 5h45 de duração, está dividida em duas partes e disponível no YouTube (Parte 1 – https://www.youtube.com/watch?v=iVr9EoUoY-s&t=14s e Parte 2 – https://www.youtube.com/watch?v=NFVWpGT9224&t=10s).
Apesar da longa duração, o relógio corre rápido no filme. Encenado como se fosse um documentário, os acontecimentos são filmados no calor da hora, de diferentes lugares, mostrando múltiplas vozes. Esse dinamismo faz com que o tempo não incomode o telespectador, que é convidado a mergulhar nas cenas como se a câmera se transformasse em seus olhos.
O filme também explora a metalinguagem, quando uma linguagem faz uso dela mesma para se explicar. É o cinema falando do cinema. Logo no início atores que representam os repórteres desvendam os cenários e mostram o que cada espaço significa. Durante toda a filmagem, atores são chamados a opinarem e se mesclam com as personagens. Passado e presente se misturam. O diálogo entre o que a Comuna de Paris representou e o legado que ela deixa até hoje é constante. A exploração do trabalho, a luta de classes, o papel da mulher na sociedade, a educação crítica e libertadora, o preconceito com o imigrante.
Ao inventar a TV Comuna e a TV Versalhes, o diretor não só dá dinamismo ao filme, ele também questiona o papel da mídia no mundo atual: as versões apresentadas, a falta de pensamento crítico, a ocultação de informação e as notícias falsas.
É dessa forma que somos convidados a ver a Comuna de Paris e suas experiências: a educação laica, gratuita e obrigatória, a Comissão de Trabalho, a experiência de cooperativas de trabalho, os debates em diferentes instâncias, a participação das mulheres na luta e nas discussões dos clubes, a União das Mulheres, a livre participação em comitês e associações, a garantia de moradia, entre outras.
Por outro lado, as limitações também são apresentadas no filme. As mulheres não entraram no Conselho da Comuna, nem votaram para escolher os membros dele. A Comuna também não interveio no Banco da França.
No final, cerca de 30 mil pessoas são mortas para a retomada de Paris pela burguesia, e 43.522 prisões são registradas. Assim a Comuna de Paris foi derrotada? Em partes, porque há 150 anos vem sendo fruto de discussões e deixou vários legados que inspiraram outras experiências, além do exemplo de trazer à tona questões que ainda hoje não foram resolvidas.
Para quem quiser aprender mais sobre a Comuna de Paris, além do filme, seguem indicações de algumas leituras:
VIVA A COMUNA!
A Comuna de Paris vale pelo exemplo, pelo heroísmo e, sobretudo, pela possibilidade que anunciou: a emancipação do trabalho é possível.
https://passapalavra.info/2021/03/136999/
Tão longe, tão perto: 150 anos da Comuna de Paris
A radicalidade da Comuna de Paris contrasta com os limites do tempo presente. Atualmente, a emancipação do trabalho, parece, ao mesmo tempo, mais possível e mais difícil.
https://passapalavra.info/2021/04/137704/
A COMUNA DE PARIS DE 1871: ORGANIZAÇÃO E AÇÃO.
http://dcp.uff.br/wp-content/uploads/sites/327/2020/10/Tese-de-2013-Camila-Oliveira-do-Valle.pdf
AS MULHERES E A COMUNA DE PARIS DE 1871
A Comuna de Paris segundo Louise Michel
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/12537/6700
Contribuição do Coletivo de Comunicação do Sindsef-SP
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São Paulo, 12 de maio de 2021