Em uma iniciativa conjunta entre a Assipen e o Sindsef-SP, em 25 de julho, ocorreu um evento marcante em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional Tereza de Benguela.
A atividade, realizada no auditório do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), contou com uma roda de conversa, abordando as diferentes expressões do racismo na sociedade e a urgência de dar um basta nessa situação; também fez parte da programação uma apresentação de dança afro ao ritmo contagiante dos tambores.
Janaina dos Reis, advogada, membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta (MML), da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU, representando o Instituto Latino Americano de Estudos Sócio Econômicos (Ilaese), impulsionou o debate abordando tópicos fundamentais no combate das desigualdades raciais e de gênero enfrentadas pela população negra.
A convidada destacou situações cotidianas para falar sobre o racismo e desigualdade:
- Saúde: falta acesso a políticas públicas específicas para tratamento de saúde, como no caso da anemia falciforme, que acomete principalmente a população negra;
- Segurança pública: diariamente a juventude negra é assassinada na periferia pelas mãos da polícia e dos traficantes locais. Também há as prisões arbitrárias, onde a cor da pele e o CEP da moradia são usados como prova de culpa, encerrando sonhos e fragmentando famílias;
- Feminicídio: O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking dos paises que mais matam mulheres de forma violenta no mundo e as mulheres negras são as principais vítimas;
- Educação: As experiências de meninas/mulheres pretas, desde o ensino básico até a universidade, são permeadas de racismos, algumas vezes sutis, outras nem tanto.
Janaína também exaltou a luta pelo o fim da escravização, que está longe de ter sido uma bondade da princesa, com destaque para a presença das mulheres negras, que também foram lideranças nesse processo.
As pessoas presentes compartilharam experiências e acrescentaram importantes pontos ao debate, tais como: o avanço nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco, solidão da mulher negra, o impacto do judiciário no cotidiano das famílias negras, violência contra as crianças, importância da educação desde o ensino básico, número reduzido de negros nas universidades e a diferença salarial existente entre negros e não negros e muito mais.
Essa primeira parte proporcionou importantes reflexões sobre a necessidade de seguir lutando e realizando os debates fundamentais para construir um mundo melhor para classe trabalhadora.
Na sequência, a bailarina Regina Santos, acompanhada pelos músicos Thiago Fialho e Leandro Perez, tomou o palco para uma contagiante apresentação cultural. Dividindo sua performance em dois atos, conduziu o público por uma jornada envolvente, fazendo as pessoas dançarem ao som contagiante do tambor.
A interação gerada por Regina arrancou aplausos, sorrisos e abraços de agradecimento pela performance.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza de Benguela, celebrados com essa atividade, que já é parte do calendário da Assipen e do Sindsef-SP, enriquecem o Pré-Congresso dos Trabalhadores do IPEN e trazem para o centro do debate a necessidade de combater veementemente o racismo. Isto precisa ser uma tarefa de toda a sociedade e não apenas da comunidade negra.
